30.12.03
 
Nirvana - "In Utero" (1993): Tempos de feriados e folgas podem render horas de empolgação seguidas por longos momentos de ociosidade. Quando o feriadão de (meu caso) 5 dias começa, ficam as perspectivas de descanso, prática de esportes, incursões ao cinema, planos de rápida conclusão. Lá pela metade desse período, quando já se torrou uma bela grana, a saída acaba sendo ficar em casa mesmo. Já que a internet pàra, os artistas e gravadoras estão de férias e o marasmo lentamente toma conta, a coleção de CDs pode ser uma boa saída para relembrar bons momentos ou realinhar os álbuns do passado no patamar dos atuais. Foi assim que tirei minha cópia de "In Utero" do limbo.

O álbum que sucedeu o grande disco dos anos 90, dizem, nasceu de parto complicado, com várias rusgas entre banda-gravadora-produtor. O fato é que em 1993 o barco de Seattle e das bandas de rock estava a todo vapor, com dezenas de lançamentos e redescobertas tomando de assalto a MTV. A oferta era tanta que a especulação em torno do disco acabou diluída em meio à torrencial seqüência de novidades que surgia no período. Quando saiu, "In Utero" foi inicialmente visto com olhos especulativos quanto a ser uma resposta à altura de "Nevermind", para depois, após uma melhor assimilação, deixar subentendido que se tratava de uma reação natural de Kurt Cobain à todas as situações que teve de enfrentar quando sua banda de porão chegou ao topo do mundo.

Se "Nevermind" reunia com incrível competência e naturalidade o que de melhor um disco de rock pode oferecer, "In Utero" apropriou-se dos esqueletos do irmão mais velho e os revestiu com uma pele dura, feia e maltrapilha. A escolha de Steve Albini, bandeira dos sons ruidosos, para gravação do disco não só referencia uma das grandes influências de Kurdt (os Pixies, todos sabem, contaram com Albini na produção do clássico "Surfer Rosa") mas deixa subentendido que "In Utero" conceitualmente preocupava-se em dificultar a vida de quem queria um repeteco de "Smells Like Teen Spirit". Isso fica bem claro no mar de detalhes que diferenciam conceitualmente "Nevermind" de seu sucessor, como o timbre de bateria inconfundível do produtor, as microfonias muito mais agressivas e desconexas, o caráter "demo" que permeia o disco, o desleixo dos vocais e as várias dissonâncias que correm contra a unicidade acessível do disco anterior. Incrivelmente, o resultado acaba distorcendo o conceito de forma ambígua, uma vez que mesmo dotadas dessas "barreiras", as músicas de "In Utero" acabam se beneficiando da sujeira geral para se transformarem em seres empolgantes, sinceros e com prazo de validade indefinido, o que fez de "In Utero" um ser diferente de "Nevermind", mas com a mesma capacidade de saciar qs platéias com o que o Nirvana tinha a oferecer.

"Serve The Servants" já começa com a notável acidez que permeia cada segundo do CD. As veias de Kurt que já estavam expostas desde que "Nevermind" transformou-se num gigante são agora dissecadas pelo próprio, que enche as letras de ironia e desgosto pelas circunstâncias do sucesso. "Teenage angst has paid off well / now I'm bored and old" são os primeiros versos, que já resumem o estado de espírito do autor e sintetizam "In Utero" em duas sentenças, confirmando que Cobain não faz questão de pegar leve ao dizer para seu público e para a indústria de entretenimento que ele estava ali para destilar seu desiludido estado atual. "Vocês aí que dêem um jeito de assimilar". "Scentless Apprentice" fala sobre bebês (sua experiência com a filha?) e traz nós brasileiros de volta ao show que fizeram no Hollywood Rock, onde apresentaram a canção em primeira mão. Peso e sujeira, vocal distorcido. "Heart Shaped Box" foi o hit que alimentou as expectativas da gravadora. "Rape Me", "Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle" (a filha de novo) e "Radio Friendly Unit Shifter" são extensões de "Nevermind", canções poderosas que ajudam "In Utero" a tornar-se palpável, mesmo que aqui gravadas com caráter anti-hit. "Dumb", "Pennyroyal Tea" e "All Apologies" são mais leves, baladas se assim quiseres considerar. Mas é em "Very Ape", "Milk It" e "Tourette's" que Kurt chuta o balde e concede ao álbum o caráter transgressor que deve ter deixado alguns engravatados seriamente preocupados. Punk sujo até o osso, vocais inteligíveis e postura desafiadora correm na contramão de quem esperava mais do mesmo, de quem não estava muito a fim de encontrar um Kurt corrosivo e cheio de más intenções para com as expectativas que o cercavam naquele momento. Sua vingança veio em forma de música mesmo, e boa.

"In Utero" é mais uma prova de que temos em nossas coleções alguns discos que não perdem a validade. Que quando imaginamos que as coisas estão indo por água abaixo ou que as novas bandas estão fazendo um belo barulho, há pérolas esquecidas pegando poeira que dizimam com 90% dos hypes.



ouvindo: The Clash - "Rudie Can't Fail".

22.12.03
 
complementando:


18/12/2003: Los Hermanos em ação no Opinião.


18/12/2003: arrivederci, cambada.


ouvindo: Los Hermanos - "Vou Tirar Você deste Lugar".

19.12.03
 

Los Hermanos, 18/12/2003 - Bar Opinião, Porto Alegre: O Los Hermanos em 2003 é o Cruzeiro em 2003. Ganhou de todo mundo, deu aula de futebol, emplacou goleadas, fez sua torcida imensuravelmente feliz e conquistou o campeonato brasileiro fazendo a marca histórica de 100 pontos, cravando seu emblema nos anais das grandes conquistas brasileiras, fazendo-na algo incontestável até mesmo para o maior dos detratores do time mineiro. Na partida de entrega de faixas, os craques estão cansados, querem relaxar, entrar em férias, mas sabem do compromisso dessa última apresentação. Assim, o que tivemos na madrugada não foi uma final de campeonato acirrada, suada, mas um daqueles jogos de confraternização, com o time jogando aquele futebol que o consagrou durante o ano e a torcida gritando "olê" desde o primeiro segundo.

Já na fila um segurança do Opinião informou que todos os dois mil ingressos haviam sido vendidos, fato que confirma que em Porto Alegre, a exemplo do que parece estar acontecendo no restante do país, a banda está levando aos limites máximos sua tradição de trazer mais e mais adeptos a cada novo show que faz em uma cidade. A julgar pelos cambistas vendendo ingressos a R$ 35,00 (o preço original era R$ 15,00), já podemos admitir que o Opinião com seus teóricos dois mil e seiscentos lugares já não comporta mais a horda de admiradores que não abre mão de assistí-los a cada nova vez que retornam à capital. Na próxima vez, terão de marcar pelo menos duas noites, assim como feito com o Rappa, no início do mês (se acontecer, eu vou nas duas). Senão, a torcida vai derrubar o alambrado.

A casa abriu às 22:00hs, e até o início do show, quando o relógio bateu 23:30hs, a massa de torcedores pouco a pouco tomou conta do local. O que havia acontecido no show anterior parecia ter se repetido em níveis exponenciais: todos meus conhecidos que haviam comparecido no último show dos rapazes havia invariavelmente retornado, trazendo com eles novos adeptos à tiracolo ansiosos pelas belas melodias e letras únicas de Camelo/Amarante. O público adolescente me pareceu maior dessa vez, comprovando a tese de que aos poucos a música deles está quebrando fronteiras e conquistando as pessoas na contramão do mercado, com marketing quase zero e muita indicação boca-a-boca. Tamanha ansiedade encontrou vazão quando o quarteto entrou no palco, quebrando a porta com "O Vencedor". O que li em um blog confirmou-se frente aos meus olhos: "Los Hermanos é unanimidade". Ou ainda mais coerente: "Los Hermanos é o novo Legião Urbana". Sim, porque o coro era tão vigoroso e irrepreensível que até então só Renato Russo havia tido a oportunidade de cantar junto de milhares de pessoas como num culto religioso. Os rapazes enfrentaram alguns problemas técnicos que exigiram a presença dos roadies no palco, oportunidade para que eles ocupassem o tempo com vinhetas instrumentais como a "Música Tradicional Búlgara". Divertido mesmo foi quando, durante a execução de "Cadê Teu Suín-?", Marcelo Camelo interrompeu o show para dar uma mijada em dois rapazes que se degladiavam em meio à multidão. Pediu os holofotes direcionados aos dois brigões para dar uma lição de moral que ali nao era lugar de briga, acompanhado por outras duas mil pessoas que em coro vaiavam os dois diabos. Se fosse um dos dois eu pedia a maca e alegava contusão para sair do recinto.

O fenômeno "conquistamos uma platéia fiel que corresponde aos shows e participa cantando todas as músicas de cabo a rabo" foi plenamente confirmado, com mais ou menos êxtase. Era olhar para um lado e ver uma guria de 15 anos cantando "Retrato pra Iaiá". Do outro, um trintão cantando "Cara Estranho". "Todo Carnaval Tem Seu Fim", "Sentimental" e "A Flor" são de efeito imediato e incendiário. "Último Romance", "Tá Bom" e "Do Sétimo Andar" parecem provocar diferentes reações, resultantes da maneira como cada um se relaciona com "Ventura". "Quem Sabe" é talvez a mais divertida de todas com Amarante sentado nas caixas de retorno. O fato é que fica aparente a expressão com que a banda se relaciona com os fãs e, acima de tudo, da cumplicidade ferrenha entre as duas entidades. Los Hermanos é um caminho sem volta para o fã. E aí pela 01:15hs de sexta terminou a melhor semana musical de 2003. Torçamos para que em 2004 as coisas se repitam, que esses mesmos protagonistas de 2003 lembrem de nós. Porque torcida para colocar faixas aqui no sul é o que não falta.

*setlist:
1- O Vencedor
2 - Além do que Se Vê
3 - Tá Bom
4 - Todo Carnaval Tem seu Fim
5 - Cara Estranho
6 - Música Tradicional Búlgara
7 - Cadê Teu Suín-? (interrompida)
8 - Cadê Teu Suín-?
9 - Adeus Você
10 - Um Par
11 - A Outra
12 - Tenha Dó
13 - Retrato pra Iaiá
14 - O Velho e o Moço
15 - Fingi na Hora Rir
16 - Último Romance
17 - Deixa o Verão
18 - Samba a Dois
19 - Sentimental
20 - Descoberta
21 - Do Sétimo Andar
22 - Quem Sabe
23 - De Onde Vem a Calma
(bis)
24 - O Pouco que Sobrou
25 - A Flor

ouvindo: Fantômas - "Der Golem".

18.12.03
 
Concentração para hoje à noite: estou escutando as versões alternativas de "Pet Sounds", da caixa "The Pet Sounds Sessions". Cara, que coisa mais linda.

Falando nisso, está na Zero Hora de hoje, coluna do Eduardo Nasi, que os Massa vão fazer sua própria versão de Pet Sounds, na íntegra (!?). Chamará-se "Sons de Estimação" e o preview pôde ser visto na noite de segunda com a versão "peculiar" de "Sloop John B". A letra dessa versão foi publicada no blog de um dos vocalistas dos Massa, Quico. Um projeto audacioso e arriscado ou apenas uma brincadeira de final de semana?

ouvindo: The Beach Boys - "God Only Knows" (sax solo).

16.12.03
 

Os Massa / Domenico+2, 15/12/2003 - Mojo Cabelereiros, Porto Alegre: Nada como conferir ambas as faces de uma moeda. Para quem esteve no show de Moreno+2, no dia anterior e assitiu a um show comportado, influenciado pela magnitude do local e pela formalidade do evento, comparecer ao show do dia seguinte foi uma atividade no mínimo curiosa, de extremos.

A Mojo Cabelereiros é exatamente o que o nome diz, um salão de beleza de, vamos colocar aí, 75m² que acomoda, no amor, umas setenta cabeças em pé. Arrasta-se e esconde-se os acessórios do salão até que o mesmo esteja deserto e em um dos cantos do local monta-se a parafernália que dá som às bandas da noite. No chão mesmo, sem palco, no melhor esquema alternativo que o rock local nos proporciona. Esquema totalmente amador e muito longe de qualquer estrutura imaginável (não pediram para ver meu ingresso na hora em que entrei), nota-se de cara que o objetivo da rapaziada ali é mesmo fazer uma festa para amigos e conhecidos por um preço irrisório em alto volume. Assim como os donos do salão não sabiam muito bem como supervisionar a zoeira, os responsáveis pela parte contatos-hospitalidade-roquenrou-direção artística estavam deveras ocupados com o show que dariam em seguida. Exatamente por essas circunstâncias, um evento para poucas pessoas acaba ganhando uma conotação bem mais interessante para quem participa dele, as pessoas que estão assitindo tornam-se sim parte integrante do show, interagindo com as bandas e divertindo-se às ganhas.

Os Massa começaram a detonar o rock delícia lá pelas 10 e pouco, com suas letras divertidas e bagaceiras. Fosse o som um pouco melhor, poderíamos identificar com mais clareza o que as garotas cantavam. Mas garanto-lhe que escutei muito bem a gritaria de Quico e Medina nos vocais, bem como suas guitarras ensandecidas. Eles dizem que o lance ali é totalmente despretensioso, ou melhor, a única pretensão deles é encher os tubos de trago para então despejar a inspiração ébria nos microfones e instrumentos. É fato que vi dois integrantes portando garrafinhas de água, embora o líquido contido nelas pudesse muito bem ser aquela "água que passarinho não bebe". O fato é que a apresentação é uma demência geral que não define bem se banda faz aquilo com maiores intenções que não a apresentada anteriormente. Mesmo assim, a utilização de melodias assimiláveis que contróem o caos sonoro deles fazem da música dos Massa uma contradição ambulante, sendo inaudível para os parâmetros normais mas igualmente interessante e de fácil assimilação. Claro que você vai ter de aceitar os temas inesperados como o "Sanduíche de Salmão" ou "Ele Gosta de Levar Atrás". Ou levar na boa a versão em português para "Sloop John B" dos Beach Boys ("Eu tô fudido / Eu quero is pra baia") mas isso tudo faz parte da diversão que é assistir esses caras em ação. Para rir e detonar.

E a detonação foi tanta que antes dos Massa encerrarem o set a polícia já tinha batido no local, fazendo com que os donos do recinto solicitassem encarecidamente para que a banda ou encerrasse o show ou baixasse o volume. Como a segunda opção era impossível, a turminha tocou a saideira em volumes generosos e cedeu o espaço para os cariocas misteriosos que naquela noite atendiam por Domenico+2. Domenico, Kassin, Moreno, Pedro e Stephan estavam transitando no meio da turma desde cedo, fato que detonava qualquer suspeita de eventual megalomania à estaca zero. A rapaziada era gente fina sim, e assim com eles estavam no palco naquele momento, poderiam muito bem estar traçando um churrasquinho de gato com os faixas dali há umas horas. Ao vivo, naquelas circunstâncias totalmente descompromissadas, o quinteto transformou o disco "Sincerely Hot" em algo bem mais próximo do rock, bem menos experimental do que o approach eletrônico-experimental da noite anterior. Domenico Lancelotti era o MC, cantando as músicas e usando os samplers com economia e na hora própria. Carismático, divertido, o rapaz conquistou a platéia com seu jeito desengonçado e sua postura irônica no palco, principalmente quando tirou onda com a maromba ou na despedida em italiano. Em meio a mais duas ou três intervenções policiais, traduziram para o rock faixas como "Telepática", "Comigo" e "Sincerely Hot". Ainda assim, sobrou espaço para a fidelidade sonora em músicas mais elaboradas como "Aeroporto 77" e "Alegria Vai Lá". No fim, uma música de despedida e uma platéia devidamente conquistada pela simpatia do quinteto e por sua música de primeira linha. Se pudéssemos apontar fatores que agregariam um benefício ainda maior para o evento, o principal seria o som, que ficou limitado pela acústica do lugar e pelas restrições técnicas. Mesmo assim, todos que dali saíram ao final do show tinham um sorriso no rosto em comum.

ouvindo: The Beach Boys - "Sloop John B".

15.12.03
 

Moreno+2, 14/12/2003 - Átrio do Santander Cultural, Porto Alegre: Domingo é dia chato, só perde mesmo para o momento em que o despertador toca na segunda-feira. Enjoado mesmo, ou tu saberias me recomendar alguma experiência mais angustiante/tortuosa do que ver o relógio bater 19:00hs de domingo com a tv ligada no Faustão? Ou pior, no Gugu? Para quem tem amor próprio, dá para escapar para os parques com um kit chimarrão embaixo do braço, mas encontrar lugar tranqüilo em meio às centenas de porto-alegrenses que tiveram a mesma idéia pode ser enervante. Cinema então... a R$10,00 + estacionamento sabendo que na quarta-feira esse mesmo programa pode custar menos da metade do preço é desanimador. Com isso em mente, aproveitei a oportunidade para driblar esses programas masoquistas de domingo e conhecer um centro cultural da cidade, comparecendo ao show de Moreno Veloso ("o filho do homem", no melhor estilo graxento) + 2.

Explicar para minha namorada o significado do "+2" não foi tarefa de retorno automático. O fato é que para ela pouco influenciava o fato de no domingo os caras se apresentarem no Santander Cultural sob o codinome Moreno+2 e na segunda-feira aparecerem na Mojo renomeados como Domenico+2. Mesmo explicando que o repertório de domingo estava calcado no disco "Máquina de Escrever Música", ao contrário do dia seguinte em que veríamos as músicas de "Sincerely Hot". "São as mesmas pessoas, mas são projetos diferentes, entende?". Ela entendeu, mas gostou mais quando resumi tudo na idéia de que veríamos uma mistura de MPB tradicional com leves toques eletrônicos, mesmo que isso não fosse exatamente a praia dela ou passasse longe de uma definição real do que veríamos.
Nossa curiosidade ficava 50% dedicada a como seriam executadas as músicas do disco e os outros 50% restantes a como seria o local do show, tido como um dos pontos mais bacanas da cultura portoalegrense. Foi o que descobrimos primeiro.

Chuva caía e adentramos o antigo prédio do ex-banco Sul Brasileiro, hoje transformado em um centro cultural que abriga múltiplas possibilidades de entretenimento. Os elevadores nos levaram ao Átrio, o auditório dedicado ao show. Ao visualizar o mesmo, senti-me como em um filme de Stanley Kubrick: as paredes são revestidas com uma microtela branca, o teto é composto por uma bela e grande clarabóia (desculpem-me os arquitetos se estiver errado) que permite a entrada da iluminação externa. O piso é composto por grossas placas de vidro que abrigam lâmpadas fluorescentes, cadeiras vermelhas, visual clean e futurista que contrasta com a arquitetura antiga e clássica do exterior do prédio. Coisa de primeiro mundo. Fosse um show de rock, seria uma bosta de lugar, mas para acolher o que deveria acontecer em seguida a casa mostrou-se valiosa ao incrementar o resultado do evento.

Voltando à história do "+2" e dos 50% que ainda tinhamos de descobrir, Moreno Veloso e seu violão subiram o pequeno palco acompanhado dos dois colegas que assinaram "Máquina de Escrever Música": Domenico Lancelotti (ex-Mulheres que Dizem Sim) e Kassin (mais conhecido como o homem que ajudou o Los Hermanos a fazer o "Ventura"). De quebra, os ex-colegas de Domenico no Mulheres, Pedro Sá e Stephan. Sobre o palco, microfones, uma semi-bateria, guitarra, vocoder e apetrechos eletrônicos não-identificáveis. A coisa funciona assim: Moreno no violão e vocais, Pedro Sá na guitarra e os outros três rapazes mandando bala nas percursões eletrônicas. Moreno é "filho do pai dele": calmo, tranqüilo e bem-humorado, quebrou qualquer clima de rigor imposto pela platéia limpinha com brincadeiras e comentários divertidos, dando a entender que ali estavam mais para se divertir do que para representar logotipos como "sucessor de Caê" ou "nova MPB". A banda tem sim músicos experientes que dominam muito bem seus brinquedinhos, capazes de subverter no palco as raízes brasileiras notórias no CD. É Moreno fiel a seu jeito abrasileirado acompanhando por quatro caras com a tarefa de distorcer a paisagem de sombra e água fresca que as músicas do rapaz naturalmente poderiam criar.

O fato é que nesse show rolou muito mais do que um banquinho e um violão, muito longe de qualquer messianismo atrelado à filiação da figura central, o que deixou a banda bastante a vontade para mexer e distorcer as canções com propriedade. Ainda assim, "Deusa do Amor", por exemplo, aparece fiel ao disco, uma apropriação de bossanova com ruidinhos e detalhezinhos. As composições ganham força ao vivo, Moreno compõe bem, e muitas vezes elas acabam descambando para um drum-n-bass ou para dissonâncias de guitarras. Mais ou menos o que Jonny Greenwood faz nos shows do Radiohead, com o plus de que tem-se aqui quatro Jonnys a brincar cautelosamente.

O fato é que, analisada com más intenções, a música de Moreno pode fatalmente cair ou na condição das comparações, ou na infame casta de "nova MPB", ou até na relação de músicos MPB-eletrônica. Mas você pode muito bem encarar "Máquina de Escrever Música" como um trabalho bom, bem intencionado e até ousado - ou pode sem dúvida relacioná-lo com a obra de artistas contemporâneos a seu pai, apenas mais uma coisa chata. Mas ao vivo, eles acabam colocando quaisquer pré-conceitos por terra, e te mostram que as coisas ali são sim bastante prolíficas e oriundas de gente que faz o que está a fim, muito mais por prazer do que por qualquer bandeira ou motivo secundário. Para um final de domingão tava uma beleza.

ouvindo: Mark Lanegan - "Skeletal History".

12.12.03
 
Listas, melhores, piores – a gente sempre acaba entrando naquela de ler intermináveis listas dos melhores, dos imperdíveis no ano que está terminando. Culpadas de injustiças e em constante mutação, as malditas listas de final de ano estão por aí, indicando e desconsiderando obras que podem ou não ter feito a diferença em nossos ouvidos.

Uma lista por si só já é algo absurdo. Observe o formato como ela normalmente aparece: um ranking numerado com o nome do artista e do disco. Não há explicações complementares, tampouco motivos pelos quais um disco é "melhor" que outro. Mais incrível é o fato de em uma mesma lista termos estilos musicais completamente diferentes, impossíveis de serem colocados sobre a mesma mesa. Como resultado, discordâncias, polêmicas e injustiças. Por outro lado, um catálogo de obras que chamaram a atenção de uma série de pessoas, mapeando álbuns que merecem ser ao menos conferidos, nos ajudando a manter artistas interessantes em um único escopo. O lado bom e o lado ruim.

Não tenho saco para fazer listas. Não consigo pegar os discos que saíram em 2003 e colocá-los no mesmo patamar, como numa corrida de cavalos. Já é complicado explicar a alguém o porquê de um disco ser bom, o que torna mais difícil ainda colocar álbuns em avaliação técnica. O prazer da música está ligado à sua personalidade e se uma coisa é boa para ti ela é boa e ponto final. Mas, dentro do espírito de balanço de final de ano, vale sempre olhar para trás e encontrar os CDs que nos deram bons momentos, que servem de recomendação para que pessoas possam tentar encontrar as mesmas alegrias/tristezas que as músicas trouxeram para nós.

E nesse espírito, não tem pra ninguém. O disco que mais me trouxe alegrias em 2003 foi:

Los Hermanos – "Ventura": Eu tenho uma tia que viajou por boa parte do mundo. Ela conhece a maioria dos lugares famosos: Paris, Londres, Nova Iorque. Última viagem dela foi para o leste europeu. Quando a gente conversa sobre esses lugares, ela me contando como é e como não é, eu só escutando para fazer as narrações renderem. Invariavelmente suas explanações terminam com a seguinte frase: "É, mas não tem lugar melhor do que aqui no Brasil".

Rock nacional é um ser distante de minha coleção musical. Lá nos tempos passados, acho que há uns quinze anos atrás, eu cheguei a escutar Titãs, Paralamas e Legião – mas desde que passei a me interessar por música de maneira mais xiita, reneguei a música brasileira ao chinelo. Os Titãs viraram cover de grunge em "Titanomaquia", os Paralamas encheram o saco com sua mistura de música caribenha (isso depois do bom "Selvagem") o Legião virou um pé no saco total. Aos poucos comecei a me distanciar das bandas brasileiras, cada vez mais fiel ao rock americano e inglês. Tempo passou e minha desconfiança seguia firme, às vezes sucumbindo à Graforréia Xilarmônica, à estréia dos Raimundos ou ao Chico Science. As bandas independentes pareciam (muitas ainda são) muito calcadas em suas influências, limitadas pela dificuldade em adaptar nosso idioma às guitarras sujas herdadas do Pixies e do Sonic Youth. Foi preciso um disco revolucionário para que eu passasse a olhar nossa música com outros olhos e escutá-la com outros ouvidos.

"Bloco do Eu Sozinho" arrebentou com meu preconceito, me dando uma perspectiva inédita em uma banda que juntava os pedaços junto ao público depois do estrondo chamado "Anna Júlia". O disco, pacientemente moldado com incríveis propostas sonoras e belíssimas canções, revelava que a mescla da nossa música podia funcionar perfeitamente bem com a música importada que tanto gostamos. De brinde, letras maravilhosas e um potencial de talento ainda não explicado. Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante tiraram da mochila uma série de músicas que mudariam a cabeça de quem escuta rock made in Brazil.

"Ventura" chegou com questionamentos sobre ser capaz de manter o nível bruscamente alcançado pelo seu irmão mais velho, um enigma que envolvia a tese de ser ou não ser um "Bloco" volume dois, de ser ou não ser um disco de samba, da possibilidade de incluir "Annas Julias", da possibilidade do disco significar uma nova afronta experimental. Mas "Ventura", a exemplo do pássaro que estampa sua capa, acabou nascendo livre e forte suficiente para alçar seus próprios vôos. Um pouco afastados do rigor que caracteriza o "Bloco", os Hermanos optaram por uma pequena diversificação na sonoridade e numa simplificação dos arranjos, que em nada perderam em termos de beleza. Adicionaram mais um punhado de belas letras e melodias inclassificáveis, preservando aquele lirismo difícil de explicar que resulta em canções ao mesmo tempo melancólicas e roqueiras, ora moldadas pela música brasileira, ora moldadas pelas outras dezenas de influências.

Na verdade, dá para escutar as composições de Marcelo como se elas tivessem sido compostas ao violão, no ritmo de sambinha, o que torna muito impressionante observar a capacidade dos rapazes em convertê-las em algo bem maior, em entidades capazes de suplicar pela emoção do ouvinte. Não é a toa que a faixa que abre o trabalho é um samba elétrico chamado "Samba a Dois". Ali já se nota uma delineação maior entre os instrumentos que compõem a música, como se estivessem seqüenciados e organizados os teclados, metais e guitarras que a compõem. "O Vencedor" é uma das minhas preferidas, por falar de uma coisa tão inusitada em dias competitivos que vivemos mas que pode até servir como um modo de se levar a vida. "E eu que já não sou assim/muito de ganhar/junto as mãos ao meu redor/faço o melhor/que sou capaz/só pra viver em paz". Marcelão é foda. Os naipes de metal, que nesse álbum participam com menor relevância do que no "Bloco" são sempre emergenciais, irreprensivelmente encaixados nas canções, ora fazendo climas tristes, ora trazendo a moral para cima, como em "O Vencedor".

Seguimos em frente com "Tá Bom", uma das duas músicas que não vazaram em MP3, chegando com cara de inédita na hora em que "Ventura" estava nas minhas mãos. Mais reta, de arranjo mais simples e grandes contribuições dos efeitos do Bruno Medina. O fascínio provocado pela música desses caras vem muito da melodia, das conduções às vezes inesperadas que as músicas recebem, das múltiplas possibilidades de um mesmo álbum. Mas vem essencialmente da simplicidade e honestidade com que eles soam. "Último Romance", a outra ex-inédita, é mais uma grande cartada de Rodrigo Amarante, uma das faixas de grande destaque no disco – um acordo perfeito entre música rock e melancolia, representada pelos andamentos entristecidos e pelas emocionantes linhas de sopro que acompanham os vocais de Rodrigo e se encarregam de terminar a canção. Assim como "Do Sétimo Andar", erroneamente comparada a "Sentimental", uma dos tesouros do disco com suas peculiaridades rítmicas e letra de múltiplas interpretações. Emoção à flor da pele.

"A Outra" é mais uma demonstração da felicidade divina concedida a Marcelo no que diz respeito à composição de letras. Colocando-se no lugar da mulher traída, ele destila toda a desilusão da moça à seco, sem revoltas, ao som de uma balada maricachi e próximo a você (crie as imagens na cabeça você também). "Quero dançar com outro par / pra variar, amor". "Cara Estranho" é um tributo ao Weezer, banda-obsessão do sensacional baterista Barba. O único "roque" de carteirinha no disco é envolvente, usa com originalidade e perspicácia as coisas batidas que escutamos em nossos discos garageiros: distorções, bateria com pique, guitarras texturizadas. Letra acessível, com a qual o público adolescente facilmente se identifica.

"O Velho e o Moço" puxa o freio e nos traz de volta aos sons entristecidos de Amarante, cheia de questionamentos existenciais que podem ou não se encaixar na sua vida. "Além do que Se Vê" é de se cantar junto, simples e de detalhe importante nos shows, onde a platéia grita em coro "Assim é que se faz!!!". "O Pouco que Sobrou" é mais enigmática e conservadora, sem maiores desvios, aproximando o som de algo mais ambiente e relacionado-se com ecos de nova MPB estilo Trama. Aqui em versão Hermanos, é claro. "Conversa de Botas Batidas" narra a triste história de um casal de amantes soterrado em um prédio desabado. Outro momento alto do disco, foi comparado ao 14 Bis, mas prefiro entregar mesmo ao talento do compositor, que através de um leve suíngue fez magistrais linhas de sopro e letra emocionante para propor o abandono das preocupações em nome do amor. "Deixa o Verão" é mais um capítulo na história obsessiva de Amarante e suas músicas mezzo ska, mezzo marchinha bulgara. Letra divertida que vem ao encontro de minha dificuldade em arrastar o pé de casa para comparecer em compromissos xaropes (há quem interprete os "hu-hus" do refrão como uma alusão ao ato sexual).

"Do Lado de Dentro" é uma composição forte, de recado direto e implacável à mulher que traiu. Outro grande destaque de "Ventura" onde a música e a letra tornam-se cúmplices na tarefa de conceder vigor à canção. O clima fica mais leve em "Um Par", onde Amarante transcreve muito bem os questionamentos em que os pobres pais de filhos adolescentes encontram-se imersos. Outra faixa com contundente participação do sopro e da guitarra que sola caduca. Fecha o álbum "De Onde Vem a Calma", uma outra melancolia existencial que termina com um dos mais belos e emocionantes finais que um disco conheceu.

Estamos nos aproximando de um show que poderia influenciar muito as longas linhas escritas acima. Mesmo assim, já sabia desde abril que Ventura estava nas cabeças de 2003, o que foi incessantemente confirmado no decorrer do ano. Embora muitos ironicamente os considerem o novo Legião Urbana, ou outros limitem-se a taxá-los de chatos, fica difícil de ignorar tantos trunfos em tãos poucos discos, tantas belas melodias enfiadas em segundos de gravação. De forma necessária a banda vêm traçando novas possibilidades para nossa música jovem, ensinando que muita coisa que vemos na padaria, na barbearia ou na casa do vizinho pode se transformar em arte local, assimilável por qualquer mortal. Que às vezes uma bela canção pode surgir no pátio da nossa casa, num sítio ou no nosso quarto. E daí crescer para transformar-se em uma entidade maior. Voltando ao parágrafo inicial, não nos resta outra alternativa senão concordar com a irmã do meu pai: "Ventura" faz do Brasil um país ímpar.



Sem objetivos de definir o ano que termina, vale ainda citar os seguintes títulos, que foram motivos de felicidade e frescor em meus tímpanos, sem ordem de prefência:

Grandaddy – "Sumday": Os norte-americanos limaram alguns excessos que ocorreram no elogiado "The Sophtware Slump" e, armados com boas canções fizeram uma das pérolas de 2003. Mais do que um disco de confirmação, "Sumday" resgatou o espírito combalido do rock alternativo através de guitarras, teclados e refrões inteligentes. Além disso, os tradicionais questionamentos da banda acerca da relação homem-máquina receberam um novo capítulo e as melodias assobiáveis foram elevadas à potência máxima. Para mim, o refrão do ano pode ser encontrado em "El Caminos In The West", na loja mais próxima graças à Sum Records.

Frank Jorge – "Vida de Verdade": O rei dos pampas retornou mais maduro, com outras coisas na cabeça que não apenas a velha/nova Jovem Guarda que tanto o persegue. Ajudado por Marcelo Camelo em três faixas, sua música agora é mais evoluída, com outras faces e ainda mais sincera. Suas experiências particulares podem sim ser dimensionadas para outros planos, fazendo com que o ouvinte tenha a opção de compartilhar das aventuras amorosas do compositor e enxergá-las dentro de sua própria realidade. Belas melodias herdadas da música sessentista e belas faixas como "Vida de Verdade", "Já me Cansei", a instrumental "Llamas" e "Concurso Literário".

Cat Power – "You Are Free": Chan Marshall não precisou desvirtuar seu som intimista, tampouco adicionar mirabolantes efeitos eletrônicos para construir seu melhor disco. "You Are Free" é apenas a evolução natural de seu trabalho, onde a simplicidade dos arranjos é sustentada por belas canções e inconfundível emoção da cantora. A moça mostra-se direta, capaz de criar melodias sensíveis e eficientes, com direito a palhinhas tímidas de Dave Grohl e Ed Vedder. Se a maioria da mulheres de hoje precisam de parafernálias de marketing, maquiagem, visual fashion ou atitudes tresloucadas para chamar a atenção, bastam à Cat Power uma guitarra desajustada e um microfone para cravar o melhor disco feminino do ano.

Domenico+2 – "Sincerely Hot": Experimetal, pretensioso, arriscado e... desleixado. É com isso que o filho do Caetano Veloso e seus amigos inventaram de brincar e acabaram fazendo um material interessante, de resultado feliz. Atrelado às raízes MPB, o trio fez uma diversificada e aplicada reinvenção das múltiplas sonoridades de nossa música, jogando-as principalmente em liquidificadores eletrônicos. A bela produção de Kassin concede ao disco momentos de trilha-sonora ("Aeroporto 77"), samba ("Possibilidade pro Samba") e música atual. Letras irônicas e um humor carioca despirocado nas entrelinhas completam a receita de um disco que engorda a lista de bons lançamentos nacionais.

Radiohead – "Hail To The Thief": Tá, vamos combinar que o disco tem seus momentos ótimos e outros nem tanto. Mas ele serve para aqueles que queriam um retorno ao formato mais tradicional, bem representado por "There There.". O fato é que houve sucesso em cruzar a eletrônica experimental de "Kid A" com a digestão fácil de "OK Computer", sobrando muito espaço para o desgosto existencial e a já célebre ironia da banda. Música séria e bem feita agora para pessoas menos pacientes. "Myxomastosis.", "Sit Down. Stand Up." e "Scatterbrain" tiveram boa rotação por aqui.

E os já citados (cheque os arquivos):

- Desert Sessions 9&10;
- The Mars Volta – "De-Loused In The Comatorium".

2003 ainda me permitiu concluir que as novas bandas do momento não foram tudo o que se esperava. White Stripes ("Elephant"), Strokes ("Room On Fire"), Starsailor ("Silence Is Easy") e Black Rebel Motorcycle Club ("Take Them On Your Own") lançaram discos de prova e, se não afundaram, também não deram grandes passos à frente de seus discos anteriores. Um tipo de música sem grandes profundidades, sem grandes propostas de renovação, de fácil assimilação e rápido esquecimento. Chame-me de ranzinza, mas meu dispositivo de qualidade não me permite aceitar tudo isso com toda essa facilidade. Como sempre diz o Alexandre: "bandas das quais muito se fala mas poucos as escutam".

As "novas novas" bandas eu não escutei. Não houve saco para pesquisar Kings Of Leon, Rapture, Elefant e todos os outros que já ouvimos falar mas não ouvimos cantar. Tudo chega direitinho demais, sem desafios. E, antes mesmo de escutar, já dá para sentir a febre de que aquilo ali só vai ocupar espaço na estande (ou no HD).

No mais, consagração total do Coldplay que encerrou o ano com um bom kit de CD+DVD, a nova arma das companhias contra os piratas. O A Perfect Circle, os Cardigans e o Tomahawk deram uma pisada. O Radiohead manteve-se no topo da escadaria (embora alguns tenham colocado em dúvida tal conquista).

E 2004 começa com novidades como discos de Fantômas, Melissa Auf Der Maur, Eagles Of Death Metal, Probot a esperadíssima turnê do Sr. Brian Wilson tentando montar as peças de "SMiLE". Tem o embarque do agora poeta Billy Corgan em carreira solo. Tem Wilco em seu novo e aguardado álbum. Que venha o novo ano.

ouvindo: Domenico+2 - "Solar".

10.12.03
 
Já que o assunto é os barbudos aí de baixo, o Multishow exibe um especial com eles na sexta-feira no que eles chamam "Multishow Ao Vivo":

- sexta-feira, 12/12, 21:45hs
- sábado, 13/12, 18:00hs (reprise)

Segundo o site, é a "o primeiro ao vivo para a tv após o lançamento do último CD" (mentira, já que "Ventura" estreou no Bem Brasil e depois teve espaço especial no Fanático MTV).

ouvindo: Weezer - "The Sweater Song".

 


ouvindo: The Mars Volta - "Inertiatic ESP".

9.12.03
 
Estão rolando dois trechos de músicas que estarão no trabalho solo da Melissa Auf Der Maur. Linque em:

- Followed The Ways
- Taste You

Note que em "Taste You" temos os backing vocals de Mark Lanegan.

ouvindo: Jonny Greenwood - "Iron Swallow".

8.12.03
 
Semana que vem o rock vai fazer meus dias mais felizes:

A se confirmar verdade, temos:

1) domingo, 14/12, Moreno + 2 19:00h no Santander Cultural
(ingressos a R$ 10,00 - antecipados no local);

2) segunda-feira, 15/12, Os Massa e convidados cariocas 21:30h na Mojo;
(ingressos a R$ 6,00 - antecipados no local);

3) quinta-feira, 18/12, Los Hermanos 22:00h no Opinião.
(ingressos a R$ 15,00 - antecipados nas lojas AmPm).

Papai-noel chegou antes em 2003.

ouvindo: Wilco - "Outta Sight (Outta Mind) ".

 
[de Il Senatore]:



ouvindo: Zwan - "Ride A Black Swan".

6.12.03
 
Template novo, cambada!

Mil agradecimentos à solícita e atenciosa Natalia, que mandou bala no template e foi responsável por retirar aquela carranca impessoal que "ornamentava" o espaço até então. Nada melhor do que uma visão feminina para supervisionar mais uma página na masculinizada internet. Valeu Natalia!

A figura, antes que pergunte, vem da parte interna do CD "Down With The Scene" da banda de noise eletrônico Kid606, onde o simpático gato fica pasmo em meio à parafernália sonora que o cerca. Mais ou menos como quando tu entras em lojas de discos, quando tu admiras tua coleção de CDs, quando dá de cara com uma porrada de MP3 nos p2p. O desenho é de um cara chamado David Coscia. Eu gostei.

ouvindo: Los Hermanos - "Conversa de Botas Batidas" (pré-produção).