30.6.03
 
Vou apostar em 4 CDs, bastante referenciados em lista de melhores de 2003 até o momento:
- The Mars Volta: "De-Loused In The Comatorium" (eu tenho o EP de estréia e já acho fantástico. Desde a semana passada os usuários gringos de diversos fóruns estão apontando como um dos álbuns do ano de forma bastante extasiada).
- Hidden Cameras: "The Smell Of Our Own" (esse foi prometido pela a Trama para Agosto. Pelo que li, é som feito por um bando de veados que falam sobre sexo. Em principio não faz nem um pouco a minha linha, mas os elogios ao resultado são notáveis).
- Xiu-Xiu: "A Promise" (pós rock/eletrônica com letras depressivas).
- Black Eyes: "Black Eyes" (empolgada revelação punk - hardcore na linha Fugazi. Nos sets ao vivo tocam com 2 bateristas).
- Manitoba: "Up In Flames" (eletrônica na linha GYBE e Boards Of Canada agora elaborada à sua melhor fase).

As opiniões acima foram coletadas de sugestões em fóruns. Vou tentar conseguir e depois que eu escutar eu traço os meus pareceres (ugh - óbvio).

ouvindo: The Polyphonic Spree - "Light And Day".

27.6.03
 
Para o final-de-semana:
The Breeders: "Title TK" (narará rara...dada...)
Los Hermanos: "Ventura"
Kyuss: "Blues For The Red Sun"
Ministry: "Psalm 69"
Wilco: "Yankee Hotel Foxtrot"

 
Ceus. Eu sempre tinha ouvido falar que o G. G. Allin tinha sido o cara mais podre e animalesco da historia da musica. Lembro ateh que quando o cara morreu a finada Bizz escreveu um textinho sobre a sua fama escatologica e nojenta. Eis que essa semana, lendo nao-sei-o-que sobre alguma coisa na internet cheguei ateh a pagina dele e li alguns textos insólitos sobre sua historia. Cara, se aquilo tudo for verdade (vou poupa-los de detalhes, confiram vocês mesmos se quiserem), o cara foi o maior showman da historia do rock. Mesmo agindo no submundo, tinha que ser debil mental ou tremendamente junkie para chegar no nivel em que ele chegou. E que fique bem claro que a musica eh secundaria nesse caso. A unica musica que escutei desse cara foi o divertidissimo cover que o Faith No More fez de "I Wanna Fuck Myself". No caso do G.G. Allin, a performance e o lifestyle do sujeito eram o que interessava. Chamem de comercialismo, de esquema para chamar atenção. Se foi esquema, foi a jogada de marketing mais barata da história.
Aos curiosos, confiram as fotos no site oficial, principalmente a do corpo dele em seu funeral. A historia de como rolou o funeral do cara eh tetrica e engraçada ao mesmo tempo. Marilyn Manson é um freira catolica perto desse cara.


ouvindo: Jeff Buckley - "Mojo Pin"

 
Los Hermanos em Porto Alegre - parte final: Saldo da encrenca - o tecladista Bruno Medina deixou escapar em seu blog que o show vai ficar registrado em ata como um dos mais memoraveis da historia da banda. E mais, que ja estao sendo marcadas as datas de retorno a terra gaucha para a primeira semana de outubro, "se tudo correr bem". Ja estou torcendo. Esse toque quem deu foi o Alexandre.

E ate agora eu nao descobri como fazer para a acentuacao funcionar corretamente. Resumindo, esses caras do blogger são fDPs mesmo.

ouvindo: Foo Fighters - "Aurora"

26.6.03
 
Los Hermanos em Porto Alegre - parte 3: Saiu uma micro-resenha simpática no na coluna Remix do Segundo Caderno do jornal Zero Hora, assinada por Eduardo Nasi:
"Não é preciso dizer a vocês que todos nós aqui achamos um grande show esse que rolou na noite de terça, no Opinião, com o lançamento do disco Ventura. A foto mostra o público que os recebeu. Mais uma vez, o pessoal estava realmente animado, retroalimentando a intensidade dos que estão no palco. Por isso, o Remix quer fazer uma proposta. É uma idéia que surgiu no burburinho do show: por que vocês, Los Hermanos, não se mudam para Porto Alegre? E mais: criam o Baile dos Los Hermanos. Toda terça, digamos. Nos outros dias, vocês poderiam excursionar pelo país, divulgar os discos, enfim, qualquer coisa. Enfim, é uma grande proposta. E um punhado de gente apoiou."

E eu assino embaixo. É uma boa idéia.

Confira também aqui algumas fotos do show que uma rapaziada tirou.

ouvindo: Los Hermanos - "Cara Estranho" (versão voz/violão - 24/06/2003 - Rádio Atlântida FM).

25.6.03
 
Tá, perdi os comentários antigos mas estou com um sistema novo. Falhas técnicas a parte, vida nova para o espaço.
Aproveite que está funcionando e deixe seu comentário!

ouvindo: Mondo Generator - "Simple Exploding Man"

 
É... os comentários voltaram a dar pau. A quem assistiu ao primeiro capítulo da nova série do "Hermes e Renato", estou tão puto como aquele rastafari - o "Gil" - que toda a vez que tentava dar um discurso existencial era interrompido por um cantor e um tecladinho. Por outro lado, a culpa é minha porque não me afiliei a um outro serviço de comments. Vamos ver se no decorrer das próximas horas eu faço a mudança.
Nesse meio tempo, qualquer mensagem relevante pode ser enviada por e-mail. Faça como a e me manda uma mensagem que eu prometo responder.

ouvindo: Queens Of The Stone Age - "Walking On The Sidewalks" (30/05/2002, Bowery Ballroom, NY - Dave Grohl nas baquetas!)

 
Los Hermanos em Porto Alegre - parte 2: Rádio Atlântida, 13:00 - 14:00hs, devidamente registrado em MD. Rolou um bate-papo e respostas a perguntas de ouvintes em uma hora de programa. É já característico nos caras ter de responder sobre "as dificuldades sonoras do som deles" mas ao mesmo tempo continua ocorrendo aquele fenômeno de um número crescente de novos interessados na banda. Fenômeno este ilustrado pelo locutor, que deu o exemplo de sua filha achar complicado o som dos caras no início mas de hoje ela já estar absorvendo e se interessando pela música deles naturalmente. Tocaram cinco faixas no que eu chamaria de um "semi-acústico":
1 - tá bom
2 - além do que se vê
3 - cara estranho
4 - o pouco que sobrou
5 - último romance
Eles estiveram no Jornal do Almoço da RBS, eu perdi e não sei o que eles tocaram lá. Caso tenham tocado em alguma outra rádio, eu infelizmente perdi.

Bar Opinião, 11:30 - 01:00hs. O ingresso marcava o início do show às 22:00hs, horário em que na realidade os portões foram abertos. Havia um público muito bom, não diria que o Opinião estava lotado mas estava sim com um volume expressivo de pessoas. Infraestrutura de primeira, som bom mas cerveja a R$ 5,00. Boas expectativas, uma vez que via-se muitos cartazes pela cidade e veiculação nas rádios, além da capa do caderno de cultura do jornal Zero Hora. Além da romaria de fãs convictos (tinha cara com a camiseta da época do Bloco, prováveis expectadores dos shows de 2002), havia também uma horda de marinheiros de primeira viagem. Meu primeiro show dos Hermanos foi em outubro do ano passado e naquela ocasião a banda comentou que o número de pessoas havia aumentado em relação ao show que fizeram uns 3 meses antes, no inverno anterior. O mesmo fenômeno ocorreu desta vez, em uma relação exponencial. É incrível mesmo constatar que muita gente que os têm como "os caras da Anna Júlia" ouvem os outros discos e mudam de opinião, passando a integrar a seita de fanáticos pelo trabalho dos caras. As músicas do Bloco causaram mais efeito, talvez por ser o "álbum de iniciação" de qualquer propaganda boca-a-boca. O Ventura é ainda muito novo, muitos ainda não o escutaram (embora houvesse muitos declamando as letras do CD junto à banda). Teve-se então muita gente fanática, cantando as músicas de cor e salteado mas muita gente identificando música, tentando recordar "de que álbum mesmo é essa". O que não vi foi indiferença, prova de que mais uma vez que os Hermanos deixam Porto Alegre consagrados e afirmados junto aos gaudérios. Promessas de retorno (em curto espaço de tempo, segundo o Amarante) não me deixam enganar.
A banda foi introduzida ao palco pelo Frank Jorge e pelo Pianta (ou foi o Birck?) da Graforréia Xilarmônica, levando a turma ao delírio.
Em relação ao show que vi em outubro no Manara, o de ontem foi mais grandioso, menos individualizado. O Opinião é maior, recebe mais público e dá um caráter mais espetacular aos eventos. Gostei mais do de outubro, talvez por ser meu primeiro show deles e receber o impacto das performances cada canção pela primeira vez. Mas saí satisfeito e querendo mais.

repertório:
1 - o vencedor
2 - cara estranho
3 - tá bom
4 - (improviso)
5 - todo carnaval tem seu fim
6 - cadê teu suín-?
7 - adeus você
8 - um par
9 - do sétimo andar
10 - tenha dó
11 - último romance
12 - fingi na hora rir
13 - o velho e o moço
14 - além do que se vê
15 - o pouco que sobrou
16 - quem sabe
17 - a outra
18 - retrato pra iaiá
19 - do lado de dentro
20 - sentimental (a mais aclamada)
21 - a palo seco
22 - de onde vem a calma
(bis)
23 - samba a dois
24 - a flor

ouvindo: The Breeders - "Divine Hammer"

24.6.03
 
Los Hermanos em Porto Alegre - parte 1: É hoje à noite o show, que vai rolar no Bar Opinião a R$ 12,00 (antecipado) ou R$ 15,00 (na hora). Para aquecimento, entre no site ou sintonize a rádio Atlântida FM, que deve recebê-los a partir das 13:00hs em seus estúdios. Os caras devem tocar alguma coisa acústica, segundo a mailing-list oficial da banda e não quem não estiver trabalhando (como eu) deve aproveitar a oportunidade. Amanhã ou quarta-feira eu devo colocar no ar o parecer dessa noite que promete.

ouvindo: Weezer - "My Name Is Jonas"

20.6.03
 
Acabei de ler no site da gravadora Trama que eles acertaram contrato com a gravadora britânica Rough Trade. Entre outras revelações do selo, temos The Smiths e The Strokes. A Trama promete colocar no mercado um (minguado) lote inicial de três lançamentos: The Libertines ("Up The Bracket"), A.R.E. Weapons e Hidden Cameras ("The Smell Of Our Own"), dando mais alternativas a nosso esquelético mercado nacional.
Pena que a Trama não consegue expandir sua participação no mercado, porque como consumidor, vejo iniciativas restritas por parte deles. Detentores dos catálogos da Matador, da Die Young (Sub-Pop) da Merge, entre outros, a nossa Trama limita-se a colocar dois ou três títulos de cada selo na praça. Suas apostas são óbvias e pouco arriscadas, com CDs consagrados (Pavement) e bem-sucedidos do momento (Interpol, The Hives). Já a sensacional Sum Records vive cometendo suicídio comercial ao colocar obras de vendagem duvidosa nas lojas, em nome da boa música. Mesmo assim, qualquer iniciativa é bem-vinda, pois estamos numa penúria de dar dó.

Em tempo: Cadê "Happy Songs For Happy People", o novo do Mogwai, hein dona Trama???

ouvindo: At The Drive-In - "Rolodex Propaganda"

 
Para o final de semana:

Placebo: "Sleeping With Ghosts"
The Polyphonic Spree: (os singles)
Isis: "Oceanic"
Jeff Buckley: "Grace"
Radiohead: "Hail To The Thief"
The Dillinger Escape Plan: "Calculating Infinity"

E um pouquinho de M.A.M.E. :-)

E vou comprar meu ingresso para o show do Los Hermanos.

ouvindo: Zwan - "Come With Me"

 
Embora um pouco irrelevantes para mim, algumas ocorrências de 2003 chamam a atenção em relação ao mundo musical em que vivemos hoje. Axl Rose afirmou que Chinese Democracy será lançado até o final do ano. O Iron Maiden vai lançar mais um álbum. O Metallica é o número um da Billboard. O Radiohead segue como Deus. Mesmo sem relação alguma entre si, os fatos citados me dizem que não deve ser nada fácil ser gerente artístico de uma gravadora. Entender a maneira como o público está reagindo aos produtos em tempos modernos tornou-se tarefa impossível até mesmo para os PHDs mais desenvolvidos do planeta.
Ao meu ver, podemos na história da música dividir as fases em determinados eventos, assim como fazemos com a história da humanidade (quem nunca desenhou uma linha do tempo no colégio, hein?). Elvis, Beatles, punk, Nirvana são fatos que de alguma maneira causaram mudanças profundas na maneira de se ouvir e comprar música. E definitivamente o ponto chave, o ponto mais revolucionário dessa linha inicia após o advento da internet. Confesso que desde o momento em que sentei em frente a um PC e tive em minhas mãos a incalculável quantidade de informação musical meus hábitos em relação à música mudaram por completo. E tenho plena convicção que o estimado leitor compartilha da mesma opinião. A liberdade passou a ser o grande benefício obtido pela mudança de práticas. Quantos de nós passaram a considerar o computador sua principal fonte de informações diária? A maneira como a informação nos é repassada, livre de influências mercadológicas e segundas intenções nos trouxeram livre arbítrio para escolher exatamente que tipo de assunto queremos absorver. Já notaram como há preferência por sites independentes (blogs, message boards, newsgroups, sites de fãs) em lugar de um site institucional ou mercadológico? Quantas vezes um site oficial de gravadora lhe influenciou para conhecer um novo artista? Você vai encontrar muito mais informação e de melhor qualidade no site ateaseweb.com do que no radiohead.com, porque um é feito devotamente por um fã, enquanto o outro é elaborado comercialmente por um contratado de gravadora. Semana passada eu descobri pelo menos três novas bandas interessantes, resultado de indicações de simples mensagens de e-mail de amigos. Quero dizer que depois que coloquei meus olhos em um monitor, uma simples e gratuita indicação em um blog pode ter mais efeito do que um site milionário de uma grande gravadora.
Quem lembrar de como as coisas eram antes, em que a opinião e as indicações da Bizz valiam ouro, vai compreender que a indústria tinha um controle estrondoso sobre o que consumíamos. A força que a mídia convencional tinha sobre o mercado era gigantesca e muitas bandas "reveladas" pelas FMs, pela MTV e pelas revistas chegavam com frescor de novidade. As gravadoras tinham em suas mangas produtos que valiam ouro e, quando não valiam, faziam com que esses abacaxis lhes rendessem milhões. Hoje em dia, frente às dificuldades supostamente geradas pelos MP3s e pela mudança de hábitos dos consumidores, as companhias estão tendo de se reciclar e abandonar algumas práticas antigas que não têm mais resultado. Entender como o comprador está recebendo os produtos é complicadíssimo, uma vez que ele não necessariamente obedece aos padrões que a indústria quer lhe empurrar. Ao mesmo tempo que o novo CD do Metallica vendeu como água, o "esquisito" Radiohead chegou igualmente às glórias de vendagem. Um produto convencional munido de grandes investimentos chegou ao mesmo lugar que um outro assumidamente anti-pop e de boa reputação nos meios underground. Da mesma forma, artistas de passado invejável como Billy Corgan tiveram dificuldades em introduzir seus trabalhos recentes, observando bandas incipientes recebendo atenção do dia para a noite. Dessa maneira, avaliar os resultados que artistas de peso podem obter fica complicado, deixando as gravadoras frente a uma encruzilhada.
Evidentemente, os reflexos apontados são mais visíveis em consumidores com mais evolução dentro desse meio, que têm o hábito de se comunicar de maneira mais seletiva. Entretanto, a tendência é que à medida que as pessoas evoluírem na forma de se comunicar na rede, o processo de seleção de informação deve aumentar. Note que a ausência do acesso em nosso país à internet e à cultura que ela proporciona imprime um fator curioso a esse panorama. Temos em nosso país a grande influência de mídia de massa, das FMs e das televisões. Nossos consumidores estão ainda muito presos ao que lhes é empurrado pela mídia ou pelas "bandas-instituições", termo que acabo de inventar. Há uma gurizada de 12, 14 anos iniciada na música que venera artistas caidaços como o Iron Maiden ou os Guns n' Roses. Qualquer pesquisa solicitando as preferências de shows internacionais vai listar essas bandas como cotadas. É o contraste entre a geração elitizada que freqüenta a internet e a menos favorecida, que ainda se serve do mesmo cardápio de sempre (Men At Work, rock Brasil 80, Dire Straits e todos esses caras que já deviam ter sumido do mapa). Mas, à medida que as pessoas forem conquistando sua liberdade através do mundo digital, o panorama vai mudar. Talvez seja por isso que o Sr. Axl Rose esteja há 12 anos se cagando para lançar seu disquinho. É o medo de se tornar irrelevante.

ouvindo: The Blood Brothers - "Ambulance vs. Ambulance"

18.6.03
 
Problemas no Zwan. A banda anunciou o prematuro cancelamento de sua turnê européia e, de acordo com uma mensagem do guitarrista David Pajo no message board de seu projeto Papa-M, por causa de motivos familiares. Motivos a parte, a decisão coincide com as frustrantes vendagens de ingressos no antigo continente onde o Zwan vinha fazendo força através de promoções locais e escalações de bandas de abertura para atrair o público aos shows. Segundo relatos em message boards, eles tiveram de rearranjar os locais de apresentação, abandonando casas maiores como o Zenith para utilizar locais menores e assim, obter melhor ocupação do espaço.
Para os seguidores de Billy Corgan, que costumam tratar seus trabalhos como religião, é uma novidade ingrata. Após quase meio ano do lançamento do primeiro álbum do grupo, "Mary Star Of The Sea", percebe-se um mercado implacável quanto a reputação dos rockstars. Por mais que Corgan tenha um glorioso passado, as pessoas não têm mostrado muito interesse em sua nova banda, que em muito se assemelha ao que ele fez antes. "Mary Star Of The Sea", depois de quase seis meses, mostra-se hoje um álbum morno, que cansa após algumas audições e perde bastante no quesito frescor, ponto cada vez mais relevante para os consumidores de música. O Zwan acabou por se distanciar das praias alternativas antes dominadas por Corgan através dos Pumpkins, não conseguindo ao mesmo tempo cair nas graças do grande público. Acredito que Corgan terá de enfrentar uma bela questão pela frente: colocar à prova sua capacidade de encantar as pessoas ou sucumbir aos desafios de hoje, retirando-se de vez dos holofotes do mercado musical. Os novos ícones estão aí, muitos artistas de sua geração estão segurando a onda. O Metallica segue arrebentando comercialmente entregando ao povo aquido que ele quer. Thom Yorke está não só se consagrando como maior nome da música como ditando as novas tendências. Temo por um dos meus artistas favoritos, pois acho mesmo que ele não é mais capaz de se reinventar.

16.6.03
 
The Polyphonic Spree - "The Beginning Stages Of... The Polyphonic Spree": Mundo musical tem dessas coisas: quando menos se espera surge do nada um determinado disco que revigora nossas esperanças na nova música. Às vezes têm-se uma cena formada, um determinado tipo de som no qual a mídia concentra suas fichas e determina novos talentos dentro de um molde. Todos voltam suas atenções para esse foco, em 2002, a tal cena nova-iorquina foi a bola da vez. Strokes, Interpol, Yeah Yeah Yeahs foram apostas com bom retorno comercial, movimentando mídia e mercado com seu rock oitentista readaptado para a década atual. Mas correndo em paralelo, com uma proposta inédita e para lá de inusitada, foram os texanos do Polyphonic Spree que largaram o melhor do ano no critério originalidade.
A banda surgiu das cinzas de um conjunto chamado Tripping Daisy, banda familiar a quem acompanhou o rock alternativo dos anos 90. Com a morte por overdose do guitarrista Wes Berggren em 1999, o vocalista Tim DeLaughter e os membros remanescentes juntaram os cacos e passaram a desenvolver um projeto que, a primeira vista, seria idéia de gente chapada com poucas possibilidades de chegar a lugar algum. DeLaughter e os rapazes apostaram em uma banda formada por pelo menos duas dúzias de integrantes, com cerca de metade deles atuando como um coral sinfônico. Vestidos em longos mantos brancos, contando com gente de todas as idades (vide a capa do CD inglês), a trupe encarna visualmente uma reunião gospel, mesclando melodias sessentistas com tendências atuais. Ao contrário das angústias existencialistas tão corriqueiras na música de hoje, o Polyphonic Spree propõe um som alegre, para cima, que conclama o ouvinte a vislumbrar o lado ensolarado que a música pode oferecer.
Na concepção do conjunto, DeLaughter faz as vezes de cantor principal. Dono de um vocal um tanto esquisito (lembra às vezes um Perry Farrel), sua tarefa é introduzir as canções para que, em um determinado ápice os companheiros derramem em sintonia belas melodias sobre as faixas. Elas iniciam tímidas, com a voz do rapaz sintonizada às simples porém belas introduções instrumentais que a dezena de músicos produz. No ponto onde uma faixa alcança seu ápice, o ouvinte é saudado com uma avalanche sonora recheada de sopros, cordas e múltiplas vozes. Faixas como "Hanging Around The Day 1/2" começam mansas, aparentemente sem pretensões para que, com o desenvolvimento das melodias, elas apresentem um refrão avassalador capaz de amolecer uma pedra.
"Have A Day/Celebratory" serve como introdução do disco, apresentando ao ouvinte os dotes musicais do grupo através de uma melodia agradável e repetitiva, falando sobre a busca por uma resposta. "Sun", a faixa seguinte, já entra com uma imposição vocal para depois entregar o desenvolvimento da mesma ao tímido vocalista. Linhas como "suicide is a shame" e "it's the sun and it makes me shine" dão a entender que, exorcizando traumas do passado, Tim busca na simplicidade do cotidiano a sua empolgação para viver. "Days Like This Keep Me Warm" é mais singela, uma doce baladinha. "Soldier Girl" tem aquele refrão "I found my soldier girl - she's so far away - she makes my head spin around" tão perfeito que é impossível resistir á tentação de cantar junto com a banda. E como nas melhores coisas da vida, o melhor fica para o final. A penúltima faixa, "Light & Day/Reach For The Sun" é uma das mais belas melodias constantes em minha CDteca. Com um simples dedilhado realçado com um pequeno efeito eletrônico, o vocalista declama linhas sobre emoções e superações, sobre tocar o dia em frente em busca de algo melhor. Quando a orquestra incide sua catarse melódica temos ali uma das faixas mais belas que podemos escutar, refletindo na música as palavras proferidas por Tim. E só para que lembremos que estamos em 2003, a última faixa, "A Long Day", é uma experimentação eletrônica interminável que serve de contraste a todo o rico conteúdo anterior.
"The Beginning Stages Of... The Polyphonic Spree" conquista o ouvinte através de sentimentos inusitados que consegue provocar. Não é nada normal encontrar gente jovem disposta a clamar por sentimentos tão simples e revigorantes como os que estão registrados no disco. É muito mais corriqueiro e seguro apostar em trilhas sonoras para desgraças ou momentos de fúria. Difícil mesmo é fazer como essa mega-banda: colocar suscintamente em um disquinho as coisas simples que nos recompensam em nossos tortuosos dias. Livre-se de seus preconceitos e confira.

14.6.03
 

ouvindo: Radiohead - "A Punchup At A Wedding"

9.6.03
 
Nesta terça-feira estou rumando para São Paulo, retornando para a terra amada na sexta. Se o espaço já estava lento, agora é que vai parar. Mas prometo dar as caras com mais decência após meu retorno.

5.6.03
 
Extraído do blog dos Walverdes:


É uma lástima o fato de que não estarei lá. A Croco é quase do lado de casa. Estarei em Sampa naquela quarta-feira.
Perdi.

 
Pergunta: o que diabos a Trama está esperando para lançar o () do Sigur Rós no Brasil? Será que eles estão aguadando os caras largarem um disco novo para então lançarem o () e a gente ficar salivando pelo o que ainda não saiu?

ouvindo: The Beatles: "Let It Be"

4.6.03
 
1) Já estamos em junho e 2003 ainda não revelou nenhuma "estrela da vez". Se 2001 teve os Strokes e 2002 teve o Interpol, 2003 ainda está para revelar alguma dessas novidades que caem de pàra-quedas nos nossos CDs players. Até o presente momento, a única banda que pipocou no meu gerenciador de e-mails foi uma tal de The Blood Brothers. Segundo recomendações, os caras mesclam hardcore, metal e outras cositas mas com vocais de chiuauas enlouquecidos. Ainda não escutei, mas foi a única banda que apareceu do nada cercada de comentários embasados. Esse tipo de destaque normalmente ocorre em cadeia: você lê em um ou dois blogs, recebe e-mails, observa em dois ou três fóruns gringos, depois na Pitchfork Media e depois nas publicações maiores. Em questão de semanas está formado o hype. Aí é uma vertente clamando pela supremacia de determinada banda, um conjunto de detratores e muitos dólares movimentados. O que ocorreu com os The Blood Brothers não foi diferente até agora. Depois que eu escutar eu posso aprofundar mais o assunto. Se forem capazes de encostar no At The Drive-In já está bom. The Blood Brothers.

2) Temos também pelo menos dois lançamentos de grande repercussão, um aguardadíssimo e outro controverso. O aguardadíssimo "Hail To The Thief" (que já saiu na net, todos nós sabemos) deve aparecer por aqui na próxima semana, simultâneo com o resto do planeta salvo habituais problemas logísticos de nossas gravadoras, transportadoras e lojistas. Torçamos para que a EMI brasileira faça como fez com o EP "I Might Be Wrong" e lance em digipak.
Já a controversa novidade deve ser o novo Metallica, que pode aparecer nas lojas ainda nessa semana. Os grandes vilões da nova era, dinheiristas, capitalistas, marqueteiros, posers, defasados, irrelavantes, veados e tudo o que você quiser pensar deles deram um tempo nos encontros com a Avril Lavigne e Ricky Martin para colocar seu CD na praça. Com o péssimo título de "St. Anger", o novo álbum já recebeu todo o tipo de crítica possível nos fóruns que visito, de elogios a queimações, de indiferença a surpresas. Enquanto alguns comentários caracterizaram-no de fácil e pop, outros reconheceram qualidades e superioridade em relação aos trabalhos dos anos 90. Segundo as críticas positivas, há sobretudo influência de riffs nu-metal e principalmente stoner rock. E há muita atitude fake, algo que posso concluir sem escutar o CD. Sai em digipak, contendo um DVD de 80 minutos, tudo pelo preço de CD normal o que, convenhamos, é tentador para quem quer ouvir umas pancadarias por um bom custo-benefício. Mas, como escrevi em alguns e-mails, talvez seja mais sadio fazer um test-drive antes de comprar, queimando um CD genérico em homenagem ao Lars Ulrich.

ouvindo: The Dillinger Escape Plan - "Hollywood Squares"

2.6.03
 
Mas bah tchê! Já dá para comprar o "Hail To The Thief" nas lojas online nacionais. Coisa de louco: a Saraiva oferece como pré-venda para lançamento em 20/06. Já a Siciliano lista como 26/05 (quase um mês antes). A Som Livre indica 10/06. Alguém aí sabe definir alguma coisa? Lá fora os CDs saem com hora e data marcada, às vezes chegam um dia antes. Mas aqui no Brasil o negócio é indefinido, os CDs aparecem nas lojas como num passe de mágica, as gravadoras não possuem uma política organizada (para variar).
Eu comprei meu Ventura cerca de 4 dias antes do lançamento oficial e pelo que fiquei sabendo houveram cidades que foram receber o CD com uma semana de atraso. Portanto, levando em conta a data que a Siciliano listou, alguém aí já encontrou o dito cujo em alguma prateleira?
Falando nisso, acho que fui o único mortal que decidiu ignorar a pré-versão disponível na internet. Não escutei nada do álbum, não sei nem o nome das músicas direito. Acho que sou um dos últimos românticos da arte de colecionar e escutar discos. Ainda acredito que uma arte, um encarte, são fundamentais para completar uma obra. Inclusive há uma edição limitada do álbum à venda nas lojas gringas, dizem que é em forma de mapa de estradas... tentação, hein? Eu vi na Saraiva de Porto Alegre uma edição do "Amnesiac" em um estojo especial, todo coberto com um tecido peludo. Mas não deu para encarar, ainda mais que eu já tinha a versão comum. Então essa é a expectativa musical da semana: será que vai dar para comprar o novo Radiohead ou vai ficar para a outra semana?

ouvindo: Secret Chiefs 3 - "Assassin's Blade"