25.11.03
 
template: Estou com uma idéia para um template decente para esse espaço. Embora consiga me virar com um Paint Shop Pro, sou uma negação quando o assunto é HTML, templates e coisas do gênero. Se alguém estiver disposto a dar uma mão, seria ótimo. Basta mandar um e-mail para moi.

ouvindo: Nação Zumbi - "Meu Maracatu pesa uma Tonelada".

 
Frank Jorge, 24/11/03 - Bar Opinião, Porto Alegre: Alguma coisa muito estranha acontece aqui na capital dos pampas, estranho ao ponto de eu não conseguir explicar. Tem a ver com a tal cena gaúcha, com a conhecida reputação nacional de nossos ícones locais. O fato é que eu não consigo encontrar a confirmação das reputações nacionais aqui em Porto Alegre. Os Walverdes, por exemplo, causam muito mais furor quando se apresentam fora do estado do que quando tocam aqui. Você vai ao show e muitas vezes tem bem menos gente do que você acredita que deveria ter. O Wander Wildner faz shows pequenos em bares ainda menores, numa noite de quarta-feira. Naturalmente, o povo da capital já assistiu os músicos em várias oportunidades, o que vai aos poucos amansando a turma e tirando a relevância de alguns eventos - pelo menos é o que dá para concluir em primeira instãncia. Mas, mesmo assim, mesmo que já se tenha conferido toda a grande casta de bons artistas portoalegrenses, há certos eventos que não podem ser desmerecidos. Ontem aconteceu um deles.

Não era para eu ter ido ao Opinião. Segunda é dose, nem bem recuperado do final de semana, com a semana inteira de luta pela frente, é meio estranho desligar dos procedimentos usuais para tomar uma ceva e curtir um show sem que pensamentos malignos de responsabilidade ocupem o cérebro. Seis da matina e eu estou de pé. Mas o projeto Segunda Maluca, que ofereceu o show de Frank, tem essa idéia no próprio nome. Maluquice entrar a madrugada de terça com rock nos ouvidos, maluquice entrar terça-feira babando no teclado e mal escutando o telefone tocar. Mas maluquice mesmo é ignorar o lançamento de "Vida de Verdade", novo álbum de um dos maiores representantes da música local. Afinal de contas, conheço paulistas e cariocas que dão um braço para assistir um show do cara que aqui em Porto tem a tradição de se apresentar em eventos gratuitos. No festival Upload, veja só, a apresentação da Graforréia foi um dos pilares e trouxe muita gente à São Paulo com o único objetivo de ver Frank e cia. relembrando uma das bandas seminais do rock local.

Mas foi o meu nome na lista de convidados do Opinião, graças à patroa, a gota d'água que praticamente me obrigou a deslocar-me na noite de segunda. O tempero extra, que tornaria a noite um momento indispensável, era a participação dos Tom Blochs Iuri Freiberger e Pedro Veríssimo e do atual ídolo da música brasileira internética, Marcelo Camelo. Mais do que chamariz para o evento, a participação dos convidados fechava as conexões com o disco, onde os rapazes contribuiram na produção (Iuri e Pedro) e nas linhas de metais (Camelo). Cheguei cedo, consegui um lugar no mezanino inferior. Eram onze e meia e nem sinal do público esperado, das pessoas que como eu, colocaram os sapatos para prestigiar o lançamento de um bom disco e presenciar um momento ímpar.

Quem abriu os trabalhos (o projeto tem essa característica de usar bandas de abertura) foa banda Zumbi dos Palmares. Reggae, funk, dub, samba. Um caminhão de influências que alguns momentos soava como o Rappa. Não é o som que escuto em casa, mas reconheço algumas qualidades na banda. O público ficou meio indiferente (normal quando se trata de bandas de abertura) e o som em nada tinha a ver com a jovem guarda sônica de Frank, o que confirmou a tendência "maluca" do projeto. Vi um cara com a camiseta do Ventura na platéia. Vi um senhor com uma camiseta do Internacional. Vi o show do Zumbi terminar e ainda não conseguia sentir na platéia a mesma expectativa que julgava procedente para o show que viria a acontecer.

Frank adentrou o palco com "Serei mais Feliz (Vou largar a Jovem Guarda)", volume alto e pique total. Receptividade boa da platéia, embora não fosse possível encontrar muita gente cantando a música na platéia. Muito bem assessorado por sua banda, com quem vem se apresentando já a algum tempo, o show de Frank se caracteriza primordialmente por aquele clima de non-stop, aquele ritmo frenético de (eu chamo) neo-jovem guarda. Suas músicas se sustentam por si só, ele não precisa de maiores apoios cênicos em cima do palco. É "dois, treis, quatru" e cabecinhas chacoalhando a-la-Beatles, perninha marcando compasso. Não cansa, mesmo para quem não está familiarizado com suas músicas.

O cara seguiu com algumas músicas novas na base do baixo-guitarra-bateria para em seguida convidar o naipe de metais e a dupla Pedro Veríssimo e Iuri Freiberger para dividir o espaço. Rolou "Sensores Unilaterais", Pedro nos vocais, Iuri nos teclados. O baterista Michel Vontobel é por si só um show à parte. A maneira com a qual ele desmancha seu drum kit dá gosto de ver. Após mais uma nova canção, rola a troca de convidados e o esperado Marcelo adentra o palco (Frank: "Gostaria de chamar ao palco o meu amigo Marcelo Camelo"). Urros na platéia, Camelo entra no palco de forma desengonçada e Iuri dedilha nos teclados a introdução de "A Flor" (sim, dos Hermanos). Pulos e gritaria, Frank fez as vezes de Amarante e Marcelo, sem a posse de sua guitarra, dez o seu papel. Matou a sede de quem estava lá por causa do Hermano, o êxtase parece ter sido o maior da noite. Camelo cantou mais uma, desengonçado, sem a guitarra ele não sabia como se portar no palco ou onde colocar as mãos. Divertido, na base da camaradagem - estrelismo zero.

Frank tocou o barco em frente. Quem, como eu, ainda não havia escutado o novo disco pôde conferir as belas linhas de metais que adornaram as canções de Frank e deram a elas ainda mais conteúdo. O competente dedo de Camelo nas inserções de sax e trumpetes enriqueceu as composições, trabalhando ainda mais o fator melódico do novo material. Excelente, embora o diversificado público não estivesse reagindo a altura. Pessoal ficou paradinho observando, conversando, alguns minguados chacoalhando. Pareciam todos marinheiros de primeira viagem. A Graforréia se viu representada por "Nunca Diga" e "Amigo Punk", momento em que o pensamento de mistério tomou minha massa encefálica. A citada canção é aqui nos pampas um hino, que em poucos anos estará sendo incluído no cronograma das escolas de ensino primário. Não há gaúcho que não tenha escutado essa canção, não um mísero FDP que resista ao coro inicial dessa pérola. O que, na minha concepção, deveria ser o ponto alto do show foi a confirmação do fator plasta inerente à platéia. A turma muito acomodada, reagindo em bem menor proporção do que reagiu em 2002 no Manara. Os convidados voltaram ao palco na parte final da canção e eu, pelo menos, me senti realizado. Fomos agraciados com um bis de duas músicas ("Cabelos Cor de Jambo" e outra que não lembro).

E foi assim. Fiz justiça e comprei o disco na saída (tinha entrado "de grátis" e julguei o ato de comprar o CD a forma de retribuir ao artista os bons momentos presenciados). Quanto ao público, não sei explicar, como coloquei nas linhas iniciais, a desproporção entre o que corre na boca das pessoas e o que acontece na realidade. Nosso rock tem muito de falar-se bastante mas escutar-se pouco. É assim. Ou sei lá, de repente eu entendo tudo errado. Ou talvez o Frank devesse segurar esses shows gratuitos. A turma só quer saber de nome na lista e boca-livre.

ouvindo: Frank Jorge - "Canção Antiga".

17.11.03
 
E o site do Los Hermanos foi reformado e agora, ao exemplo de gringos como o Pearl Jam e o Placebo, é possivel cadastrar-se perante uma quantia de reais num clube on-line.

O cadastramento traz algumas vantagens como acesso a material on-line exclusivo, promoções e itens no ato do cadastramento. O novo site ficou bem bacana.

Link do clube.

ouvindo: Radiohead - "Backdrifting".

 
O natal está chegando e as gravadoras mostram suas armas. Como forma de ultrapassar a pirataria e agregar valor ao produto, justificando a cobrança de um valor maior aos defasados "cedês", a indústria aposta nesse ano nos packs de CD + DVD.

Embora pisando na bola ao ignorar o CD bônus da coletânea do R.E.M., que levou a relevância do lançamento ao nada, temos aí alguns títulos que investem na alta rentabilidade com pouco esforço. Coletâneas e projetos ao vivo deverão estar na listinha de muitos barbados por aí, itens que não demandam infinitos investimentos por parte das gravadoras (especialmente as coletâneas). Chegam às prateleiras os seguintes pacotes:

- Coldplay - "Live 2003" (DVD + CD): Ponto final do mega-sucesso "A Rush Of Blood To The Head", com uma montagem de 2 shows da banda em Sydney, Australia. Belas imagens, a banda cresce ao vivo e arrisca conquistar aqueles que não se deixaram contagiar pelo seu som melodramático. Há ainda um documentário na linha behind the scenes.Vem com um CD de áudio no estojo, contendo o áudio de algumas das faixas do DVD e material multimídia.

- Foo Fighters - "Everywhere But Home" (DVD + CD): Na mesma linha de "Live 2003", o Foo Fighters encerra os trabalhos em cima do álbum "One By One". O DVD focaliza a turnê dos rapazes e oferece um CD com um show gravado em Reykjavik.

- Pearl Jam - "Lost Dogs" (CD duplo): coletânea de covers, lados-b e raridades. Conteúdo urgente para fãs brasileiros, que nunca tiveram a chance de comprar singles nas esquinas e a graça de colocar as mãos em lados-b através de lançamentos oficiais.

- Pearl Jam - "Live At The Garden" (DVD): continuando a tradição de lançar material ao vivo, o DVD pode ser encarado como a continuidade de "Touring Band 2000", dessa vez focalizando o último álbum, "Riot Act", e sua extensa turnê.

- Red Hot Chili Peppers - "Greatest Hits And Videos" (CD + DVD limitado): Preguiça e dinheiro fácil são os adjetivos mais procedentes quando falamos em coletâneas. Esta não é muito diferente. Com a inclusão de duas músicas inéditas (nota: fans, we love your money), a coletânea aborda o período da banda na Warner e inclui um DVD com os videos que foram exaustivamente exibidos em nossos televisores.

- Red Hot Chili Peppers - "Live At Slane Castle" (DVD): Como em "Off The Map", a banda recebe mais uma cobertura de turnê. Quem assisitiu-os ao vivo (eu conferi os caras aqui no Gigantinho) sabe: é pelo menos divertido. Deve deixar dúvidas sobre quando diabos eles vão perder o fôlego.

- Stone Temple Pilots - "Thank You" (CD + DVD): Em tom de despedida, a coletânea agrupa os hits da banda e inclui um DVD no mínimo interessante, com videos, performances ao vivo e tal.

Com exceção do Foo Fighters e do Pearl Jam, todos blockbusters acima estão confirmados como lançamentos no Brasil, já podendo ser encomendados nas lojas online. Entretanto, os itens dessas outras duas bandas também devem aparecer, preferivelmente antes do natal.

ouvindo: Faith No More - "Mark Bowen" (live).

16.11.03
 
Acabei de ler no site do Los Hermanos que na outra segunda toca Frank Jorge no Opinião. Com direito a Marcelo Camelo como convidado, diga-se de passagem.

ouvindo: Wilco - "Monday".

14.11.03
 
Wilco - "I Am Trying To Break Your Heart" (DVD - 2002): Podia ser sempre assim. Uma banda lança um CD e, em companhia, libera um documentário mostrando o processo de composição, gravação, encaminhamento - o outro lado. Materiais como esse não só trazem o lado humano das bandas para próximo do fã como mostram o processo completo de gravação de um disco - algo bastante divergente do que recebemos nos CDs já finalizados, cristalinos e adaptados para digestão. Além disso, são boas oportunidades para revelar versões alternativas de músicas que, por forças da circunstâncias, saíram com uma cara diferente no cut final, sem falar nos b-sides que invariavelmente acabam entrando nos singles posteriores, embora nem sempre em sua totalidade. Lembro agora de videos semelhantes, como "Funky Monks" dos Chili Peppers, de especiais como o da MTV sobre o "Mellon Collie" ou o "Adore". Geralmente o resultado ao se assistir essas pérolas é uma paixão ainda maior pelo álbum.

No caso deste DVD, a coisa tem proporções ainda mais significativas. Sam Jones, o diretor, recebeu a proposta de acompanhar o processo de gravação do misterioso e aguardado novo álbum da banda. Banda e equipe de filmagem, alheias às reviravoltas que aconteceriam num futuro próximo, passaram a conviver a partir do ponto de finalização de ensaios no espaço de criação da banda - o Wilco loft. As câmeras atentas, registrando opiniões, desdobramentos e situações nem sempre diretamente relacionadas à gravação em si. A banda, agindo naturalmente perante a lente, deixou o ritmo fluir com tranqüilidade permitindo a Jones captar com muita competência os mais diversos momentos que integraram o processo de registro de "Yankee Hotel Foxtrot".

O filme inicia com a banda já reunida, com composições bem encaminhadas e num estágio de elaboração/descontrução de músicas de forma a definir o que entra no álbum. Ouve-se diversas versões dos clássicos que já conhecemos. A começar pela versão para "I Am Trying To Break Your Heart" que serve de trilha para os letreiros iniciais, com Jeff ao violão, longe da ruideira e camada de efeitos que tomou a versão oficial. Música e imagens em sintonia, takes bem conduzidos e boas intercalações entre diálogos e ensaios/apresentações ao vivo. No loft, ponto inicial do filme, a banda permite observar a incessante procura por novos caminhos para as canções, o polimento baseado nos instrumentos não-convencionais. Embora já estivessem compostas no ponto onde a experiência começa, as músicas aparecem várias vezes em formas diferentes das que conhecemos. Tweedy explica que "As músicas são nossas, nós podemos fazer com elas o que bem entendemos. É por isso que optamos por destruí-las". Vários pedaços de músicas podem ser identificados durante as filmagens no loft, como se estivéssemos observando o desenvolvimento das peças de um todo individualmente. Entende-se naquele ponto as grandes expectativas em torno do material e fica-se com a impressão de que ainda estamos a alguma distância de colocar um ponto final em "YHF".

Em seguida somos jogados no backstage de uma apresentação solo de Jeff Tweedy, antes ainda do lançamento do disco. A narrativa é linear, ainda não se sabe das repercussões que o álbum causará. No palco, Tweedy entrega para um público cativado algumas faixas do disco, em primeira mão. A platéia vibra com as faixas e principalmente com as estripulias executadas no violão, com as versões de músicas consagradas nos outros discos do Wilco e de projetos paralelos. A abordagem country inerente ao formato do show praticamente obriga-o a entregar-se a suas origens. O rapaz é mesmo um músico de outro nível, sendo capaz de transmitir através de sua música os mais variados sentimentos, sempre mantendo o controle sobre seu instrumento e voz. Finalizado o show, voltamos para os camarins e Tweedy recebe alguns membros da gravadora (que mais parecem fãs), ávidos por informações sobre "YHF". Jeff, sem muito saco, tenta explicar mas parece se desiludir quando um deles pergunta se é verdade que o disco é algo "meio trip-hop".

Já no estúdio de Chicago, a banda não se intimida com as câmeras e deixa transparecer toda a pressão causada pelo projeto. Começa-se a ouvir com freqüência as palavras "prazo" e "limite", a banda não parece encontrar um caminho definitivo para a obra. O relacionamento cáustico entre o pianista Jay Benneth e o resto da banda é presenciado durante uma desgastante discussão sobre como intercalar as faixas "Ashes Of American Flags" e "Heavy Metal Drummer". A banda então explica a importância da ajuda prestada por Jim O'Rourke ao embarcar tardiamente nas gravações e colaborar com uma visão menos contaminada do processo. O Wilco consegue terminar o disco e em seguida damos de cara com um executivo da gravadora Reprise.

O senhor explica que o álbum não foi bem recebido pela corporação, Tweedy aparece ao telefone repassando a sua visão sobre o acontecido. O empresário da banda é milagrosamente filmado ao telefone com a Reprise, lidando com o acontecido. O rumo muda totalmente de uma visão musical para um questionamento sobre o papel das gravadoras, da música como um negócio. Decepcionada, a banda é registrada em um de seus momentos mais complicados, tendo de lidar com a frustração da quebra com o selo e o recomeço de um desgastante trabalho. Daí para a frente, Jay larga a banda (com direito a algumas farpas mútuas nos microfones), o Wilco entra em turnê sem disco lançado, as músicas vão parar na internet, o álbum sai pela Nonesuch. A assinatura do novo contrato é devidamente presenciada por nós, em um vistoso prédio de NY. Meses e meses registrados ao lado dos artistas, em uma narrativa completa e integralmente interessante. Todos acontecimentos que cercaram o lançamento de um dos melhores álbuns da nova década devidamente flagrados, surpreendendo artista, diretor e público. As câmeras estavam lá.

Filmado em preto e branco, o conjunto é composto por dois discos. O primeiro contém o filme e uma espécie de making-of comentado pelo diretor e pela banda. O filme possui a opção de legendas em inglês (português não), há ainda um trailer do filme no primeiro disco. O segundo DVD possui uma série de músicas nas mais variadas situações, como shows ao vivo, ensaios, além de duas músicas da performance solo de Jeff. Entre a seleção, músicas do Wilco e de projetos paralelos/anteriores como o Uncle Tupelo. Filmagens não aproveitadas também têm sua vez no final do segundo disco. Uma gama imensa de conteúdo, em horas de entretenimento e principalmente em qualidade de material. Perfeito.

O pacote ainda inclui um livreto de 40 páginas com fotos do documentário e comentários escritos pelo diretor. Não deve sair em nossa terra, uma vez que após o lançamento de "YHF" a Warner Brasil parece ter abandonado a banda e seus discos anteriores. A julgar que já estamos em 2003 e a multinacional não deu pistas sobre a graça de disponibilizá-lo, "I Am Trying To Break Your Heart" será mais um dos itens que só se encontra lá fora e impõe barreiras lingüísticas para quem não manja de inglês. Ainda assim, é dinheiro muito bem investido, assim como "YHF" que dispensa justificativas.



ouvindo: Wilco - "ELT".

11.11.03
 
Da série UÊBA!:

1) [fonte: Blabermouth, 11/11/2003]

A ex-baixista do Hole/Smashing Pumpkins Melissa Auf Der Maur lançará seu álbum solo em fevereiro pela Capitol Records. O CD, que foi produzido em diversos estúdios por Chris Goss, líder da banda Masters Of Reality, contará com a participação de James Iha (Smashing Pumpkins), Dave Grohl (Foo Fighters), Josh Homme e Nick Oliveri (QotSA), Twiggy Ramirez (A Perfect Circle, ex-Marilyn Manson), Troy Van Leeuwen (QotSA, ex-A Perfect Circle), Mark Lanegan (dispensa apresentações), Samantha Maloney (ex-Hole, ex- Motley Crue) e Paz Lenchantin (ex-Zwan, ex-A Perfect Circle). Segundo Chris Goss, "é o lance mais pesado, mais bacana que escutei em um longo tempo".

Referências mil, conexões infinitas, expectativa total.

2) [fonte: Tensionhead]

Tracklisting do EP "Here Comes That Weird Chill", de Mark Lanegan, que foi antecipado para 9 de dezembro pela Beggar's Banquet:

1. Methamphetamine Blues
2. On The Steps Of The Cathedral
3. Clear Spot
4. Message To Mine
5. Lexington Slow Down
6. Skeletal History
7. Wish You Well
8. Sleep With Me / Version

E esse tempo que não passa!

3) O novo Fantômas, que ficou mesmo para 2004, já está trafegando pelos cabos das redes de computadores. Copiei abaixo a opinião do fãzaço Diego Medina, que não agüentou esperar e escutou a versão apressadinha que está aí. Segundo ele:

"Confirmado: meu disco do ano é DELÌRIUM CÒRDIA

Tem uma frase de uma resenha sobre o disco que eu acho que resume bem o clima dele: Mr Bungle vs the sound department of the BBC.

On initially finding out this isn’t a conformist rock record, fans may feel a little short changed, but this is actually a hugely entertaining and refreshing album once you get past the concept, or lack of one. It’s not the sort of thing you’d put in your stereo when getting ready for a night out, but we’d definitely advise you to put it through your headphones when strolling down a deserted lane late at night. (tirado da playlouder.com)

Tô ouvindo agora pela primeira vez o disco agora.
É uma faixa só. Com 74 minutos e 17 segundos de duração.
Apesar de ser fã de carteirinha do Patton, não levava muita fé que esse disco pudesse superar os dois álbuns anteriores da banda. Tô nos 35 minutos do disco e ainda não sei afirmar se o disco superou ou não. MAS É UM DISCAÇO!!!!!!!!!

A primeira sensação que dá ao ouvir Delirium Cordia é que o disco é uma gigantesca trilha sonora pra filme de terror antigo, da década de 70. Cheio de lindos arranjos, abarrotado de barulhinhos, edições criativas, climões densos. Volta e meia entra um metalzão típico de Fantômas, mas o que predomina no álbum são texturas, barulhos de vento, mar, colagens, sonoplastias macabras, sininhos, corais cadavéricos, etc. Falando assim parece até que tô falando sobre um disco de New Age pra praticar yoga, mas muito pelo contrário. Esse é um disco instigante, que te deixa arrepiado, atento, ansioso pra saber qual será a demência que virá depois.
O álbum até que poderia ser separado por faixas, mas acho que iria perder essa idéia de que os sons desse disco são como cenas de um filme. Há a necessidade de continuidade, de tudo fazer parte de uma faixa só, um único filme de horror.

Enfim, tô amando Delirium Cordia.
E FAÇO MUITA QUESTÃO DE COMPRAR QUANDO SAIR!!"

Palavras do Medina - as minhas só serão lidas em 2004.

4) Sai no final de novembro o disco de Troy Van Leeuwen, sob o pseudônimo Enemy. O disco se chamará "Hooray For Dark Matter" e será vendido direto de seu website.

ouvindo: Queens Of The Stone Age - "Better Living Through Chemistry".

9.11.03
 
A Perfect Circle - "Thirteenth Step" (2003): É tudo uma questão de exigências, de nível de expectativas. O novo álbum da banda que tomou de assalto um bom número de ouvintes no primeiro ano da década gerou impaciência nos fãs e veio com a infeliz e obrigatória missão de ser aprovado no infame teste do segundo disco.

O A Perfect Circle por si só é uma entidade curiosa, uma anomalia na Matrix. Recorra à Dying Days para nutrir-se de uma biografia mais obrigatória, pois vou apenas citar que a banda que hoje tem um nome a zelar surgiu de forma tímida, como continuidade de um projeto do roadie de guitarras Billy Howerdel. O rapaz que foi colega de quarto do mega-vocalista do inquestionável Tool, Maynard James Keenan, mostrou ao esquisitão algumas canções que gravou no decorrer dos anos e propôs a idéia de colocá-las em disco. Assinando Maynard/Howerdel, as músicas foram colocadas em disco com a participação de ilustres integrantes como Paz Lenchantin (que depois ganharia notoriedade junto ao Zwan), Troy Van Leeuwen (ex-membro do Failure) e o baterista Josh Freese (figurinha carimbada do rock americano). Subitamente, a formação transformou-se em banda e logo estavam excursionando com o ícone industrial Nine Inch Nails, durante o período de férias do Tool. O disco correu com expectativas nos circuitos de fãs das referidas bandas, mas chegou ao universo mainstream como qualquer ilustre desconhecido, sem grandes anúncios, como um projeto secundário do vocalista do Tool. O fato surpreendente ocorreu quando "Mer De Noms" passou a ocupar a boca do povo, fugindo dos domínios do fã-clube do Tool e avançando sobre audiências mais amplas, como os fãs do metal e os góticos. Aos poucos os caras estavam na MTV e nas listas de discussões, renegando a idéia de banda de poucos.

"Mer De Noms" tinha em sua essência um rock pesado de conexões góticas e industriais, que se não inovava ao criar um estilo novo, agrupava com eficiência muitos fatores que agradam os habituais clientes de música pesada, em especial os que admiram temáticas e musicalidade deprê. Conexões com Smashing Pumpkins, The Cure e, claro, Tool são visíveis e o álbum não só apresentou a proposta sonora deles como conseguiu entregar alguns bons momentos aos novos fãs. De cara notava-se que as músicas de Howerdel se distanciavam consideravelmente do que foi feito no trabalho oficial do Keenan. O Tool trabalha bem mais os climas, o pàra-arranca, o esporro seguido pela contenção, a matemática, a claustrofobia. Já o A Perfect Circle trabalhou em cima de canções desiludidas, muito mais ambientadas pelas melodias, que funcionaram muito bem e deram um bom crédito ao compositor. Billy passou a ser visto com mais seriedade, e o álbum seguinte deveria ser sua grande oportunidade de usar as atenções conquistadas com o bom debut para destacar-se como um nome do novo metal pesado. Estavam postas as expectativas.

E "Thirteenth Step", o aguardado novo álbum, saiu em meio a alguns problemas. A baixista/violoncelista Paz pulou fora do barco para integrar-se ao Zwan. Em seu lugar, Jeordie White (ex-Marilyn Manson) assumiu as quatro cordas. Outra figura de destaque entre os integrantes, Troy Van Leeuwen, integrou-se de vez ao Queens Of The Stone Age, deixando o A Perfect Circle na mão. Em seu lugar, o ex-Smashing Pumpkins (tá sacando as conexões?) James Iha passa a integrar a banda, embora sem ter chegado a tempo de participar das gravações. Howerdel assumiu a existência de alguns problemas ligados a dedicação de Maynard ao Tool, deixando o vocalista afastado por muito tempo dos trabalhos. E a impressão que se tem quando se escuta o álbum é que talvez seja justamente a influência do aclamado vocalista que tornou-se o fator decisivo nos resultados inferiores alcançados em "Thirteenth Step".

Em um primeiro lugar, o novo disco se distancia do anterior já no processo de composição. Segundo Howerdel, Maynard foi bem mais ativo nas composições e decisões que influenciavam o trabalho, mesmo com os compromissos do Tool, o rapaz fez questão de supervisionar os aspectos musicais e artísticos da obra. Nota-se ao ler o encarte, a produção de Howerdel e Maynard (em "Mer De Noms" o cargo foi ocupado por Howerdel e Alan Moulder) além da produção executiva (leia-se "chefia") do vocalista. Tamanha participação poderia ser encarada com êxtase, embora seja justamente sua personalidade que desvirtua os melhores momentos que a banda teve no passado. "The Package" não é um mau começo, com seu clima intimidante e seu interessante desenvolvimento que a deixa encorpada lá pela sua metade. Entretanto, já é possível notar a mão de Maynard na referência bem mais forte ao Tool e na ausência do sentimentalismo antes marcante na banda. "Weak and Powerless", o primeiro single, é provavelmente um dos melhores momentos do disco, com seu refrão interessante e os vocais duplos que polarizam o momento e deixam a faixa bem mais convincente. "Thirteenth Step" é bem mais pesado e obtuso que o antecessor, resultado do eclipse que acometeu Billy e, talvez, pela ausência de músicos interessantes como Paz e Troy que bem ou mal contribuiam com a pluralidade da banda em ação. "The Noose" mantém o clima aceso por "Weak And Powerless", com seu início climático e seus efeitos de guitarra interessantes. Tudo acaba eclodindo em guitarras pesadas, um acréscimo de peso sobre a base que conduziu mais da metade da canção. "Blue" relembra a linguagem de "Mer De Noms", mas os resultados acabam ficando um pouco abaixo do esperado - uma música de momentos altos e baixos. "Vanishing" é um A Perfect Circle monolítico, com fases marcadas e confrontos entre melodias e peso marcado. "A Stranger" é a tentativa de recriar as tão admiradas baladas da banda, mas acaba passando longe dos resultados de "3 Libras", por exemplo. Não se tem o fator melodramático convincente como na faixa mais antiga. "The Outsider" é interessante, uma música com boa composição, trechos bem resolvidos e refrão muito semelhante ao Tool. "Crimes" pode ser encarado como uma vinheta industrial (outro costume do Tool) que nada agrega ao disco, "The Nurse Who Loved Me" é o ponto baixo da jogada. A música é uma cover da banda Failure, que aqui é recriada em estilo de valsa (ou seria uma balada medieval), uma reviravolta que não conecta com qualquer outra parte do álbum e também não convence como momento de experimentação. "Pet" é pesadeira, marcada, uma continuação de "Thinking Of You", se preferir. "Lullaby" é outra vinheta que não explica sua razão de existir, visto que não prepara clima algum para "Gravity", esta sim uma música com características bem interessantes. A faixa é filha da encarnação anterior da banda, com Troy e Paz, e fica nela bem visível a influência que a saída dos membros imprimiu na banda.

A falta de densidade prejudicou um pouco o resultado final, os momentos climáticos não possuem a mesma eficiência do que se havia conhecido antes, tornando a audição do album uma experiência um pouco maçante. Embora a sonoridade geral e a proposta seja semelhante ao que a banda executou no primeiro disco, são os detalhes e o final como um todo que não convencem o ouvinte. Longe de defender o continuísmo do artista, que sempre receberá a aprovação deste redator no momento em que abrir mão de comodismos para experimentar, a banda parece ter encontrado dificuldades em acomodar novos egos que integraram o processo de criação do disco. Além disso, ficou a impressão da dificuldade em tecer a personalidade necessária à banda num momento de segundo disco, como um escritor que tem os materiais na mão e não sabe bem por onde começar. No final das contas, não é um disco ruim, tampouco frustrante - ele apenas não corresponde às expectativas que naturalmente surgiram com o êxito de "Mer De Noms". Vamos combinar também que, com um staff destes, a banda sempre será alvo de cobranças, infelizmente não correspondidas em 2003. Esperemos.



ouvindo: Coldplay - "Shiver" (live 2003).

6.11.03
 
Wilco - "Yankee Hotel Foxtrot" (2002): Embora considere um tanto desnecessário tecer comentários sobre um disco que já foi dissecado dos pés à cabeça, uma redescoberta pessoal impulsionada por sucessivas audições de meu exemplar motivou-me a colocar em palavras a obrigação de se escutar um dos melhores discos da década que a pouco começou. Pensemos na vantagem em gastar tempo com essas linhas: você certamente já escutou esse disco e já tem a essa altura uma opinião formada a respeito dele, um conceito dos momentos iluminados do disco. Vejamos apenas se fecham com os meus.

Depois de muito o que foi dito e escrito sobre a dificuldade enfrentada pelo Wilco em trazer seu rebento ao mundo, vamos nos limitar a comentar que com o produto final na mão, o Wilco recebeu um sonoro "não" da gravadora Reprise, sendo recomendado a rever o material apresentado. Jeff Tweedy e cia., exaustos após o interminável período de gravações, receberam a notícia como quem leva um murro na cara e recusaram-se de forma irredutível a mexer em uma nota sequer. A Reprise, por sua vez, não encontrou em "YHF" um material de venda imediata e "convidou" a banda a se retirar de seu staff de artistas. Com um disco pronto embaixo do braço, o Wilco entrou em turnê e distribuiu, entre os selos interessados, cópias promocionais em busca de uma parceria para colocar o renegado material nas lojas. Com a crescente aparição das músicas do disco na internet, oriundas dessas cópias promocionais, eles observaram que as pessoas compareciam aos shows e cantavam as músicas do "álbum maldito", comprovando a procura que as novas músicas tinham. O passo natural fo disponibilizar, oficialmente, "Yankee Hotel Foxtrot" na página da banda, para finalmente fechar o disco com o selo Nonesuch, uma subdivisão da (pasmem) multinacional que os deserdou. Toda essa situação foi acompanhada pelos fãs e depois repassada ao público consumidor em proporções épicas. O disco chegou às prateleiras com os comentários de "finalmente!", de material "maldito", "inacessível". Misturado, evidentemente, com os elogios de "magnífico!" que deram a ele toda a merecida notoriedade que tem.

Mas, enfim, o que temos de tão arrebatador nos quarenta e poucos minutos que compõem esse disco? Originalmente, o material foi pensado como a grande chance do Wilco crescer junto ao público geral, de transceder a camada das bandas legais para o nível das bandas imaculadas. O então quinteto acreditava que o material que tinham produzido poderia alcançar fronteiras ainda não atingidas por eles e, para tanto, trataram de aplicar às músicas o maior número de possibilidades possíveis. As canções compostas nascem como embriões, simples esqueletos sem maior identidade. A banda reúne-se e inicia um processo de maturação e aplicação de idéias em cima dessas bases, contruindo uma entidade maior para cada uma das delas. Um dos lances principais de "YHF" é, segundo o próprio Jeff, trazer as faixas para um nível maior de desenvolvimento e então desconstruí-las. E é exatamente o que o Wilco fez: um processo cíclico sem prazo de esgotamento de trabalhar cada faixa de forma incessante, reformulando conceitos e retornando sem restrições a pontos abandonados anteriormente. Método que, segundo o hoje ex-integrante Jay Benneth, evitou que a banda caísse no hábito de deixar as coisas terminarem no folk de sempre.

Com essa noção sempre presente no processo, "Yankee Hotel Foxtrot" é uma aula de como utilizar o talento artístico para transformar músicas simples e de potencial comum em entidades candidatas à posteridade. Começamos o disco com uma canção ébria, desconjuntada. "I Am Trying To Break Your Heart" é bêbada, cambaleante e não ajuda o ouvinte a se situar no som proposto pelo quinteto. Sob a base arrastada de bateria, o piano sofre para encaixar suas frases e Jeff induz com seu vocal rouco frases desanimadas que conectam-se à temática desiludida da música. Um dos objetivos assumidos pela banda é visível nesses primeiros momentos, onde é possível observar a sujeira artificial, a não-música interagindo harmoniosamente com o rock tradicional do Wilco. "Kamera" é a melhor versão que eles compuseram do tema (escute as demos desse CD, que possuem outras duas encarnações dessa faixa e compare a multiplicidade de possibilidades que as faixas receberam). Algo próximo do folk-pop, a prática de confrontar sons tecnológicos com a pureza do folk é notória aqui, onde os violões exercem o mesmo papel que elementos artificiais, harmoniosamente. A verve poética de Jeff Tweedy é alçada aos níveis máximos no disco, interagindo perfeitamente com os climas musicais compostos em companhia com as letras. O vai-vem de temperamentos é também notório, pois saimos de algo up como "Kamera" e entramos em uma nuvem negra como "Radio Cure". Aos versos de "Cheer up honey I hope you can / There is something wrong with me", a triste melodia dedilhada é coberta de efeitos caóticos, algo que combina muito bem com as imagens de um WTC destroçado. Se o amigo identifica-se com letras confessionais e intimistas, "YHF" é um prato cheio.

Dando um tempo para a tristeza, "War On War" é um conselho de como sobreviver, encorajando o ouvinte a aceitar as derrotas como forma de se manter vivo. Música alegre e para cima, o clima musical cria um certo conflito com seu tema que não é assim tão encorajador. "Jesus, Inc." é uma benção, de belíssimo refrão e excelentes linhas de teclado, outro instrumento de grande papel no disco. Uma obra de letra sublime e melodia tocante. Já "Ashes of American Flags" talvez tenha sido a responsável pelas comparações (equivocadas ao meu ver) com "OK Computer" do Radiohead. Desolada, a canção identifica o compositor com o cidadão urbano que convive com máquinas, compra seu cigarro e se perde com questionamentos existenciais. A linha de guitarra, chorosa, torna ainda mais melancólico o ritmo arrastado e triste da faixa. Uma das minhas preferidas.

O enlace entre "Ashes" e a faixa seguinte, "Heavy Metal Drummer", merece um capítulo à parte. Todo aquele clima deprê é liquidificado, triturado junto à trechos de música não-identificada, embolado com diálogos mascarados. Após alguns segundos dessa destruição sonora, surgem timidamente fragmentos da simpaticíssima linha de piano que conduz "Heavy Metal Drummer", encerrando o furacão sonoro que surgiu ao final de "Ashes". O som subitamente pàra (essa parte do disco foi árduamente discutida por alguns membros banda) e a bateria eletrônica introduz o primor pop que é "Heavy Metal Drummer". Com letra sensacional, conclamando a nostalgia dos tempos de adolescência que todos tivemos, o ritmo agradável e a simples porém magnífica linha de piano constróem a faixa mais alto-astral de nossa cruzada. Não é a toa que o filho de Tweedy, no filme "I Am Trying To Break Your Heart", foi flagrado batendo as pequenas mãos em seus joelhos tentando recriar a batida que introduz a canção. Cativante.

"I'm The Man Who Loves You" pega mais leve no experimentalismo, oferecendo uma proposta mais tradicional em termos instrumentais. Ainda assim, não há como impedir que a música cresca em você depois de algumas audições. "Pot Kettle Black" é outro destaque, com uma excelente proposta sonora e um resultado que se aproxima bastante do rock alternativo. As linhas melódicas e os vocais são fabulosos. "Poor Places" é outra que recebeu diversas encarnações nas infinitas sessões de gravação do álbum. Aqui, ela inicia com um um arranjo simples, isolado, com acompanhamento da rouquidão de Jeff. Quase uma trilha sonora para end credits. A música surpreendentemente evolui de forma a conquistar mais volume e musculatura em seu decorrer. As linhas de piano são sensacionais, ao ponto de justificar o lançamento de uma versão instrumental apenas para ressaltar as belas frases do clássico instrumento. O final apoteótico com misturança de sujeira sonora resulta na transmissão uma voz feminina, que repete o verso "Yankee-Hotel-Foxtrot" intermitantemente. Arrepios. O disco termina com "Reservations", um canção de clima triste e de grande qualidade lírica. Mais uma obra inspirada do compositor, que nos privilegia com os versos emocionantes de "I've got reservations / About so many things, but not about you".

"YHF" tem o grande trunfo de, além de ser uma grande e muito bem resolvida obra, trazer o Wilco para audiências que não estavam interessadas em escutá-lo. Mais do que isso, trouxe eles para um nível superior, inquestionável. Acreditando na musicalidade própria, apostando em ousadias, reformando conceitos, o Wilco trouxe para dentro de seus domínios o tempero que geralmente está contido nas grandes obras e que não depende de estéticas sonoras ou da "última tendência do momento": o desafio artístico. Como um artesão que molda seu trabalho, os rapazes usaram cada segundo de produção a favor do disco e de suas convicções, resultando no material diferenciado que todos já conhecemos e que tanta incompreensão recebeu por parte dos "que entendem do negócio". Trouxe-lhe alguns meses de dor de cabeça, alguns sentimentos de frustração, a dispensa de um integrante - o custo pago pela visão e integridade artística. Custou pouco, no final das contas.



ouvindo: The Strokes - "12:51".

 
Putz! Não sabia que o novo disco do Killing Joke, com o David Grohl na bateria, tinha sido lançado aqui no Brasil. Entretanto, a Sony Music deu um jeito de colocar o preço desse disco lá em cima, cobrando entre 37 e 41 reais a peça. Mais um pouco e custa o mesmo que o importado.

Já a louvável Sum Records lançou aqui (não sei quando) o segundo disco do Wellwater Conspiracy, "The Scroll And Its Combinations". De vez em quando a turma resolve arriscar e presta um favor para a gente. Nota 10 para a Sum (11 se ela decidir um dia lançar os outros CDs deles).


 
Terminei ontem de instalar o XP na minha máquina e agora estou restaurando os backups de programas e arquivos. É essa a razão de mais um hiato.

ouvindo: The Minus 5 - "That's Not The Way That It's Done".